Adeptos japoneses a limpar os estádios, uma tradição que chegou ao Qatar

Apoiantes da selecção nipónica já estão a deixar a sua marca em Doha e arredores, para espanto de muitos dos adeptos adversários. “A limpeza e a arrumação são como uma religião no Japão”.

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Adeptos japoneses foram fotografados a limpar o estádio depois da vitória contra a Alemanha Alex Grimm/ Getty images

É já uma tradição e, como tradição que é, não podia deixar de se estender também ao Qatar. No Mundial 2022, os adeptos japoneses continuam a dar lições de civismo e de respeito. Tem sido assim em diferentes provas, diferentes modalidades, diferentes hemisférios ao longo dos anos. Em Doha, foram os funcionários do Estádio Internacional Khalifa que tiveram a vida facilitada, depois de os espectadores nipónicos terem deixado as bancadas num brinco.

Começa a ser usual vermos os apoiantes do Japão demorarem-se um pouco mais do que os restantes nos estádios depois dos jogos. Diligentemente, após o apito final, iniciam o ritual de apanhar o lixo que se espalha pelas bancadas: recolhem os copos, os guardanapos, os plásticos, o que for, acondicionando tudo em sacos e deixando para trás um rasto de limpeza.

A vitória surpreendente sobre a Alemanha tem pouco a ver com isto, na verdade. Ganhem ou percam, os japoneses cumprem a missão com eficácia. E não precisam sequer de estar a presenciar um jogo da própria selecção, porque neste Mundial 2022 já vimos algo de semelhante logo no encontro de abertura, entre o Qatar e o Equador, no Estádio Al Bayt.

“A limpeza e a arrumação são como uma religião no Japão e nós acarinhamo-la”, explicou Saysuka, depois do jogo de estreia, na quinta-feira, ao canal Al Jazeera, que também recolheu o testemunho de Takshi, um adepto japonês que hoje vive nos Estados Unidos e que lembra que este é um comportamento que se aprende desde criança.

“Arrumamos os quartos, as casas de banho, as salas de aula, e depois, à medida que crescemos, isto torna-se parte da nossa vida”, detalhou, acompanhado do filho de 13 anos, Kayde, no encontro diante da Alemanha.

De resto, e para termos um termo de comparação directo, já foi assim no último Campeonato do Mundo, na Rússia, e essa tem sido mais a regra do que a excepção, ainda que ganhe uma dimensão diferente em competições de grande fôlego. No fundo, são os japoneses a seguirem a regra da cortesia que desde cedo conhecem.

“Não podemos esquecer-nos de respeitar os nossos adversários. Os adeptos fazem isso pelo respeito que têm por todos, pelos adversários, pelos treinadores, pelos árbitros, pelo staff”, acrescentou Takao Teramoto, um técnico japonês que vive na Austrália, em declarações à SBS News, esperando que esta mensagem se espalhe pelo resto do mundo.

E não foram apenas os adeptos que se destacaram pela boa educação. A própria selecção japonesa deixou o balneário num brinco depois de o ter usado no encontro com a Alemanha e distribuiu pequenas figuras de origami (arte japonesa de dobrar papel) como agradecimento, com um papel onde se lê “muito obrigado”.

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