Marcelo insiste que vai falar de direitos humanos no Qatar

O Presidente da República considera importante estar presente fisicamente no Qatar para assim poder “dizer o que pensa sobre a situação política de lá”.

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Marcelo estará num debate sobre Educação em que abordará o tema LUSA/PAULO CUNHA

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, reiterou nesta terça-feira à tarde que irá falar sobre direitos humanos na sua visita ao Qatar. Fá-lo-á, explica, num debate que terá sobre educação.

“Eu intervenho num debate sobre educação e um dos pontos fundamentais da educação é direitos humanos — portanto, eu, depois de amanhã [quinta-feira], estarei a falar de direitos humanos no Qatar”, garantiu nesta terça-feira em Leiria aos jornalistas.

Questionado acerca da “relevância da sua presença” naquele país, Marcelo Rebelo de Sousa notou ser “completamente diferente apoiar [a selecção] lá” e, também no Qatar, “dizer o que se pensa sobre a situação política de lá”.

A viagem do Presidente da República ao Qatar foi nesta terça-feira aprovada no Parlamento, com os votos contra da IL, BE, PAN, Livre e dos deputados socialistas Isabel Moreira, Alexandra Leitão, Carla Miranda e Pedro Delgado Alves. PS, PSD (três deputados sociais-democratas abstiveram-se) e PCP votaram a favor da deslocação. O Chega absteve-se.

“A única maneira de democracias falarem com não democracias”

Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou ainda para contextualizar que, em 2010, quando a organização do campeonato do mundo foi atribuída pela FIFA ao Qatar, era “Presidente da República Cavaco Silva e primeiro-ministro José Sócrates”. “Não houve, na altura, nem depois, nenhuma posição da comunidade internacional” sobre o assunto, relembrou o Presidente.

No seu entender, as “autoridades portuguesas” — Presidente da República, primeiro-ministro e presidente da Assembleia da República — devem ir ao Qatar por ser “evidente” que a “intervenção da selecção portuguesa de futebol é uma forma de projecção do interesse nacional”. Esta forma de projecção, segundo Marcelo, é “tão forte, tão forte, que o seu capitão é o português mais conhecido do mundo e uma das pessoas mais conhecidas em termos globais”.

Explicou, ainda, não ser prática da política externa portuguesa cortar vias de comunicação com Estados não democráticos. “Mantemos relações diplomáticas com a maioria dos Estados do mundo e a esmagadora [maioria] não é democrática. Ainda agora foi marcada a próxima COP para os Emirados Árabes Unidos e realizou-se, este ano, no Egipto. Têm regimes muito diferentes dos nossos”, considerou, para depois concluir que esta é a “única maneira de democracias poderem falar com não democracias sobre os problemas do mundo”.

Por fim, questionado sobre o cenário pessimista que a OCDE prevê para a inflação e para o crescimento económico em Portugal, o Presidente da República afirmou que 2023 vai ser um ano “muito difícil”, embora ninguém saiba “quão difícil”. Essa dificuldade, explica, dependerá da guerra, da inflação e da crise energética.

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