David Cronenberg e os mistérios do organismo
Crimes do Futuro é uma revisão, até irónica, como se David Cronenberg fizesse um sumário actualizado de boa parte das preocupações do seu cinema.
Para quem se queixa de que os filmes de David Cronenberg trocaram as convulsões do organismo humano por outras coisas menos espectaculares, que abandonaram o registo de ficção científica alucinada e demencial por ambientes que até foram ao filme de época (o caso de Um Método Perigoso, sobre a relação entre Freud e Jung), aí está o filme mais identificavelmente “cronenberguiano” do realizador canadiano em muitos anos. Crimes do Futuro tem muito de uma revisão, até irónica e à beira da autocitação, como se Cronenberg fizesse um sumário actualizado de boa parte das preocupações do seu cinema, desde os primórdios — aonde vai buscar o título, como se fosse um remake do seu filme homónimo de 1970 (a sua segunda longa-metragem) mas com o qual, narrativamente, este Crimes do Futuro 2022 tem poucos pontos de contacto.
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