Estreias de Messi e Mbappé abrem o apetite para o terceiro dia do Mundial
Nesta terça-feira, o Campeonato do Mundo de futebol oferece quatro jogos.
Quatro jogos preenchem o menu do terceiro dia do Mundial 2022, com destaque para os duelos em que vão actuar duas das maiores estrelas do futebol actual (o calendário completo com os horários e os canais de TV para assistir aos jogos está aqui). O argentino Lionel Messi e o francês Kylian Mbappé estão em fases de carreira distintas, mas são daqueles jogadores que os verdadeiros fãs de futebol não hesitam em pagar bilhete para ver, independentemente da nacionalidade ou do clube por que torcem.
França-Austrália
Mbappé é a vedeta da selecção francesa e de quem os compatriotas esperam muito. Ainda mais agora, que está confirmada a ausência de Karim Benzema. O seleccionador Didier Deschamps deverá apostar em Olivier Giroud para o substituir no “onze” titular, mesmo sabendo que as relações entre este avançado e Mbappé nem sempre foram as melhores. A França, que chegou ao Qatar já sem Paul Pogba e N'Golo Kanté e tem Raphael Varane em dúvida para defrontar a Austrália, pode contar ainda com Antoine Griezmann e Ousmane Dembélé para a frente de ataque, mas é em Mbappé que recaem as maiores expectativas.
“Kylian está habituado a ter o peso todo sobre as costas, não estou preocupado com ele”, avisou Eduardo Camavinga. “Não vamos baixar as nossas expectativas. Claro que é um duro golpe [não ter Benzema], mas não vamos ficar a pensar nisso. Vamos lutar com a grande equipa que temos”, frisou o médio que actua no Real Madrid.
Em França, fazem-se muitas comparações entre os registos de Mbappé e Pelé em Mundiais, antes de completarem 24 anos. A estrela brasileira jogou em seis jogos e detém o recorde de golos até essa idade: sete; Mbappé jogou em sete encontros e, até ao momento, marcou quatro golos – o primeiro data de 21 de Junho de 2018, frente ao Peru, tinha então 19 anos. Mbappé é o melhor marcador das principais Ligas europeias em 2022, com 43 golos, e deverá suscitar um entusiasmo extra do público local, por jogar no PSG, propriedade do emir do Qatar.
No outro meio-campo, vai estar a Austrália, uma selecção sem nomes sonantes e jovem: nos 26 convocados, estão 17 estreantes, dos quais oito “olyrros”, jogadores que, no ano passado, integraram a selecção de esperanças nos Jogos de Tóquio, já sob o comando de Graham Arnold, treinador da equipa principal.
Para compensar a falta de experiência, Arnold conta ao seu lado com um preparador mental e recorre à visualização, para persuadir os “socceroos” que podem fazer ainda melhor do que a selecção oitava-finalista no Mundial de 2006 – perdeu (0-1), com a Itália, futura campeã mundial – e onde pontuavam Harry Kewell, Tim Cahill e Mark Viduka.
Argentina-Arábia Saudita
O primeiro embate do terceiro dia do Mundial realiza-se no Estádio Nacional Lusail, onde a Argentina parte largamente favorita diante da Arábia Saudita, ou não fosse a equipa sul-americana uma das candidatas à vitória; que será a terceira, depois dos títulos em 1978 e 1986. Os argentinos que, no ano passado, conquistaram a Copa América, não conhecem a derrota há 36 encontros e são liderados por Messi, que procura, pela quinta e última vez, erguer a taça.
“Não sei se somos melhores, mas chegamos com uma dinâmica de vitória e isso dá-nos mais tranquilidade. Trabalhamos de maneira diferente, estamos menos ansiosos. Lembra-me muito o grupo de 2014 que era muito semelhante, muito unido, que sabia o que queria quando entrava no campo”, explicou Messi, referindo-se à selecção que perdeu a final do Mundial nesse ano, com a Alemanha.
O jogador de 35 anos deverá sair do Qatar com o recorde do seu país de maior número de encontros realizados em Mundiais – detido por Diego Maradona, com 21, em quatro torneios – mas, para já, quer concentrar-se em cada jogo. “Estou mais maduro e tento desfrutar ao máximo de cada momento, vivê-lo com intensidade, como aconteceu na Copa América. Antes, não pensava nisso, apenas em jogar, mas hoje estou mais consciente de todos estes momentos”, revelou Messi.
A Arábia Saudita tem como treinador Hervé Renard, que liderou a Zâmbia (2012) e a Costa do Marfim (2015) ao título na Taça das Nações Africanas. O técnico francês conta com jogadores a actuarem exclusivamente no campeonato saudita e não hesitou em trazer caras novas da equipa de sub-23. Embora não sendo favoritos, terão muito apoio, pois, segundo as vendas de bilhetes, os adeptos sauditas serão o terceiro maior contingente no Qatar.
Dinamarca-Tunísia
No estádio da Cidade da Educação, a oeste da capital, as bancadas vão estar “pintadas” de vermelho, as cores das selecções da Dinamarca e Tunísia. Esperam-se cerca de 20 mil tunisinos no estádio, pois muitos têm família no Qatar, onde a comunidade de emigrantes é uma das maiores do país.
“Uma das nossas grandes vantagens é que vamos ter um enorme apoio dos adeptos tunisinos. E como estamos num país árabe, vamos ter todo o mundo árabe por detrás e conto com os nossos irmãos argelinos e egípcios para nos empurrar”, frisou o tunisino Jalel Kadri – um dos cinco treinadores africanos que, pela primeira vez num Mundial, lideram as todas as selecções africanas presentes.
Dinamarca, semifinalista no último Europeu (perdeu 1-2 com a Inglaterra, em Julho de 2021), apresenta uma selecção baseada nos experientes Kasper Schmeichel, Simon Kjaer e Christian Eriksen, que volta a representar a selecção numa grande competição, depois do colapso cardíaco no jogo inaugural do Euro 2020, em Junho do ano passado.
México-Polónia
O México é o quinto país com mais participações no Mundial, 16, mas desde que recebeu a prova e chegou aos quartos-de-final, em 1986, que é constantemente travado nos “oitavos”. Gerardo Martino foi chamado para treinador em 2019 e, este ano, o argentino volta a estar sob pressão, após as escolhas dos 26 eleitos, deixando de fora Javier (Chicharito) Hernandez, de 34 anos, e autor de 19 golos este ano, ao serviço dos LA Galaxy. “Tata” Martino optou mais pela experiência, como é exemplo o médio Andres Guardado (Betis) e os avançados Raul Jimenez (Wolverhampton) e Hirving Lozano (Napoli) e não hesita em adiantar que a sua selecção irá ser a protagonista do primeiro duelo com a Polónia.
Mas será difícil acreditar que os polacos irão ficar na expectativa quando apresentam um dos melhores goleadores deste século, Robert Lewandowski. Ao lado do avançado do Barcelona deverá surgir Arkadiusz Milik, da Juventus, onde actual também o guarda-redes Wojciech Szczesny. Muita experiência que deve tranquilizar o treinador Czeslaw Michniewicz, chamado após a partida repentina de Paulo Sousa para o Flamengo, em Dezembro passado.