No Inglaterra-Irão podemos jogar ao jogo das cadeiras
Num Mundial “normal”, ingleses e iranianos poderiam encher facilmente o estádio Khalifa. Mas, no Qatar, nada é normal.
Neste domingo, no jogo de abertura do Mundial, várias dezenas de adeptos do Qatar arrumaram as trouxas ao intervalo e abalaram para as suas vidas, que o futebol não estava a agradar.
Nesta segunda-feira, o Inglaterra-Irão é o primeiro jogo “a sério” do Mundial, sem a equipa da casa envolvida e sem cerimónia de abertura a adoçar o apetite. Nessa medida, era importante medir o pulso ao Qatar 2022 neste jogo, até porque os ingleses são, a par de argentinos e mexicanos, dos que habitualmente mais acompanham a sua selecção.
Veredicto: ingleses e iranianos nem precisaram de ir embora a meio do jogo, porque nem chegaram a aparecer para o início. A premissa é caricaturada, naturalmente, mas serve para ilustrar que o estádio Khalifa tem muitas cadeiras vazias, ainda que com clara prevalência dos iranianos, cujos instrumentos musicais de fazer barulho também ajudam à sua causa.
Os ingleses, por outro lado, estão confortáveis nos sofás do Reino Unido, representados por um clã mais modesto do que seria expectável. Mas se os próprios qataris vão embora dos jogos da sua equipa, que motivos teria um inglês para visitar um Mundial-fantoche?
O PÚBLICO chegou ao estádio por volta das 14h30, a mais de uma hora do apito inicial de Raphael Claus. Segue a cronologia de raciocínio:
14h30: “Que morninho o ambiente... mas deve ser da hora”.
15h00: “Tão pouca gente cá fora? Coisa estranha...”
15h25: “As bancadas estão às moscas... que fiasco”
15h41: São divulgados os “onzes” iniciais e a explosão só vem, como já esperávamos, dos iranianos – os ingleses não tinham sequer quórum suficiente para fazerem o que quer que fosse.
15h55: “Bom, já está mais gente... mas mesmo assim...”.
16h00: Agora é ir ver a bola. Afinal, com tantas cadeiras vazias, isto é quase um privilégio.
O estádio está longe de estar “às moscas”, mas a expectativa de um ambiente quente e cadeiras ocupadas fica por cumprir. Até ver, já que nos próximos dias entrarão em campo equipas como México, Argentina e Marrocos.
No caso dos dois primeiros existe uma tradição de levarem muitos adeptos aos países onde jogam, algo também visível por qualquer jornalista que circule pelas ruas de Doha. Argentinos e mexicanos poderão ser até vistos como as grandes esperanças do Qatar para que este Mundial ainda ganhe algum “calor” humano e tenha uma face mais animada.
No caso dos marroquinos é uma previsão baseada apenas na observação do dia-a-dia em Doha. Há muitas camisolas da selecção africana, pelo que, apesar de ser uma medição pouco fiável, é possível prever uma boa presença marroquina nas bancadas dos estádios do Mundial. O primeiro jogo é frente à Croácia, no dia 23.