Artistas Unidos: Arne Lygre e a dúvida persistente
A instalação da estranheza, quer ela nasça do texto ou seja realçada pela contenção do movimento de actrizes e actores, é o sortilégio da encenação de António Simão.
A princípio é (enfim, mais ou menos) como uma peça realista. É certo que o cenário, uma parte importante da encenação de António Simão, na sua imponente geometria, remete para lugar nenhum. Melhor: para um lugar que podem ser muitos, diversos entre si, próximos e distantes no tempo; matéria da vida vivida, mas também da vida desejada, ou ainda da vida que se podia ter vivido, fossem outros os caminhos tomados. Não é de estranhar, por isso, que, em outras alturas do enredo, sempre com a ajuda da cenografia de Rita Lopes Alves, o texto conduza ao que pode ser um sonho, ou a projecção de uma vontade, talvez uma efabulação do desejo, ou a exumação da perda ou, quem sabe, uma renitente assunção da culpa. Ou nada disso…
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