Cristiano Ronaldo diz-se “traído” pelo United e não tem “respeito” pelo treinador
“Tentaram forçar a minha saída, não apenas o treinador”, acusa numa entrevista televisiva em que dispara em múltiplas direcções.
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Cristiano Ronaldo diz que se sente “traído” pelo Manchester United, que fez dele uma “ovelha negra”, e que não tem respeito pelo treinador Erik ten Hag.
Numa entrevista à TalkTV, Ronaldo afirma sobre o técnico que o suspendeu no último mês: “Não tenho respeito por ele porque ele não parece mostrar respeito por mim. Se não tens respeito por mim, nunca irei ter respeito por ti.”
O jogador português, que vai juntar-se daqui a poucas horas à selecção nacional na preparação do Mundial 2022, poderá ter aberto aqui uma ferida ainda mais profunda do que a que levou à suspensão há algumas semanas, até pela forma como criticou não apenas Erik ten Hag, mas também o clube em geral.
“Tentaram forçar a minha saída, não apenas o treinador. Senti-me traído e senti que se tentaram livrar de mim. As pessoas devem saber a verdade e senti-me traído. Senti que algumas pessoas não me queriam no Manchester United não só esta época, como na anterior”, afirmou, apontando ainda a “falta de empatia” que revela ter sentido da parte do clube quando teve a filha hospitalizada.
Nesta entrevista, Ronaldo critica também Ralf Rangnick, ex-treinador dos red devils, cuja escolha encarou como ilógica. “Como é que um clube como o Manchester United teve de demitir Ole [Solskjaer] e depois trazem um director-desportivo, o Ralf Rangnick, algo que ninguém consegue compreender. Este senhor nem sequer é treinador”, argumentou o português, em alusão à carreira do técnico alemão, nem sempre feita no papel de treinador principal.
Numa entrevista na qual Ronaldo “disparou” em múltiplas direcções, também Wayne Rooney, que criticou o internacional português, foi visado: “Não sei por que é que ele me critica tanto. Talvez porque ele já acabou a carreira dele e eu continuo a jogar a um nível alto. Não vou dizer que sou mais bem-parecido que ele. O que seria verdade...”, disse, entre risos.
Mais a sério, Ronaldo prestou-se até a fazer uma reflexão sobre o estado geral do clube inglês, que considera estar igual ao que era quando o português lá jogou no início da carreira. “Nada mudou. A piscina, o jacuzzi, o ginásio, termos tecnológicos, na cozinha. Pararam no tempo e a mim isso surpreende-me. Isso tudo apanhou-me de surpresa, porque esperava ver coisas diferentes em termos de infra-estruturas e tecnologia, mas continuo a ver coisas que eu já via quando tinha 23 ou 24 anos”.
Quem escapou às críticas de CR7 foram os adeptos dos ingleses. “São o mais importante do futebol e joga-se para eles. Estão sempre do meu lado, são tudo para mim. Por isso, dei esta entrevista, é o momento adequado para dizer o que penso”, acrescentou.
Esta tem sido uma época “problemática” para o “astro” madeirense, que regressou ao United, em que jogou primeiro entre 2003 e 2009, após passagens no Real Madrid (2009-2018) e na Juventus (2018-2021), tendo começado a carreira no Sporting.
No Verão, a sua possível saída do clube foi o principal tema de discussão do mercado de transferências e, quando não se concretizou, prometeu que daria uma entrevista para esclarecer o assunto.
Desde então, a sua actuação nos relvados tem sido intermitente, entre a titularidade, o banco de suplentes e a ausência dos convocados, como quando foi afastado dos treinos da primeira equipa por abandonar um jogo ainda a decorrer, tendo-se recusado a ser suplente utilizado.
Com 191 jogos pela selecção principal de Portugal, e 117 golos, junta-lhes 145 tentos pelo Manchester United, em 346 partidas, 451 pelo Real Madrid, em “apenas” 438 encontros, e cinco pelo Sporting, em 31 jogos.
Notícia corrigida às 23h25: a entrevista foi concedida à TalkTV, e não ao The Sun, como inicialmente escrito.