Grupo Wagner diz que vai formar “milicianos” para defender a Rússia

Grupo paramilitar russo já terá iniciado estas actividades em Belgorod e Kursk.

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Grupo Wagner abriu recentemente um centro de tecnologia militar em São Petersburgo Reuters/IGOR RUSSAK

O chefe do grupo paramilitar russo Wagner, Evgueni Prigozhin, afirmou esta sexta-feira que a sua organização vai formar milicianos e construir fortificações em duas regiões da Rússia fronteiriças com a Ucrânia.

“A companhia militar privada Wagner ajuda e vai ajudar a população dos territórios fronteiriços [da Ucrânia] a receberem uma formação, a construírem instalações, a prepararem pessoas e a organizarem milícias”, indicou Prigozhin, citado pelo serviço de imprensa da sua empresa Concord.

Segundo declarou, estas actividades já se iniciaram nas regiões russas de Belgorod e Kursk, regularmente atingidas nos últimos meses por disparos atribuídos por Moscovo ao exército ucraniano.

O objectivo, de acordo com Prigozhin, consiste em construir “instalações fortificadas e centros de formação de milicianos nas regiões fronteiriças”. “Quem pretende a paz, prepara a guerra. É necessário estar-se sempre preparado para defender a sua terra”, acrescentou.

Na semana passada, o chefe da Wagner tinha já mencionado este projecto, assegurando que vai financiá-lo sem a ajuda do Estado russo.

Desde 2014 que os mercenários do grupo Wagner são acusados de servir os interesses do regime de Vladimir Putin em numerosas zonas de conflito, que se estendem da Síria à Ucrânia, passando por África e América do Sul.

Nos últimos meses, o grupo operou activamente na frente ucraniana, em apoio ao exército russo. Foi ainda acusado de ter efectuado uma deslocação a diversas prisões russas e recrutar detidos para combater, em troca de uma redução das penas.

Em Setembro, Evgueni Prigozhin, 61 anos, reconheceu ter fundado esta organização paramilitar, após anos de negação. Esta semana, também admitiu ter promovido operações de ingerência eleitoral nos Estados Unidos.

Desde então, promove as suas actividades na Rússia sem encobrimento, um sinal de um reforço do seu poder desde a ofensiva do Kremlin na Ucrânia e o início de uma mobilização militar no país face aos recuos de Moscovo em diversas linhas da frente.

Em Outubro, Evgueni Prigozhin abriu o actual “quartel-general” do grupo Wagner, uma torre envidraçada em São Petersburgo.

O complexo foi inaugurado oficialmente no início de Novembro, mas Prigozhin afirmou que as autoridades de São Petersburgo recusaram conceder-lhe uma licença de exploração.

Face a esta recusa, Prigozhin acusou na quinta-feira o governador de São Petersburgo, Alexandre Beglov, de apoiar os interesses dos “nacionalistas ucranianos que matam russos”. Os dois homens estão há longa data em conflito.