INE confirma inflação acima de 10% em Outubro
Classe dos bens alimentares e das bebidas regista, face ao mesmo mês do ano passado, uma subida de preços de 18,6%.
A taxa de inflação homóloga em Portugal subiu, no passado mês de Outubro, para 10,1%, revelou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE). Este valor representa uma ligeira revisão em baixa da primeira estimativa realizada para este indicador, mas confirma ainda assim que a barreira dos 10% na inflação em Portugal foi ultrapassada, a primeira vez que tal acontece em mais de 30 anos.
Na sua primeira estimativa para a inflação de Outubro, divulgada nos últimos dias desse mês, o INE tinha apontado, com base nos dados preliminares de que dispunha, para que a inflação em Outubro tivesse sido de 10,2%.
Os números finais agora conhecidos mostram que os preços em Portugal, em vez de terem crescido 1,3% em Outubro face ao mês imediatamente anterior, cresceram 1,2%, colocando a taxa de variação face ao mesmo mês do ano passado nos 10,1%.
Em Setembro, a inflação homóloga tinha-se situado em 9,3%. A trajectória ascendente deste indicador a que se tem assistido, quase sem interrupções, desde meados do ano passado manteve-se, portanto, em Outubro.
Nos dados publicados esta sexta-feira, o INE apresenta mais detalhes sobre a forma como a inflação se está a fazer sentir nos diversos bens e serviços consumidos pelos portugueses.
Combustíveis e alimentos continuam a ser os produtos que mais estão a contribuir para a escalada dos preços. E é por isso que as classes dos Bens alimentares e bebidas não alcoólicas e da Habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis foram as que registaram variações homólogas dos preços mais acentuadas, de 18,6% e 18,5%, respectivamente.
As pressões inflacionistas, contudo, são bastante generalizadas a todos os tipos de bens e serviços. A única classe em que os preços não subiram em relação ao ano passado foi a da Saúde, revelam os dados do INE.
Por produtos, o maior contributo para a subida de preços mensal de 1,2% registada em Outubro vem, de longe, do gás natural. Os cálculos do INE apontam para que em relação a Setembro, os preços do gás natural tenham disparado 77,41%, o que significa que, da subida de 1,2% registada nos preços, quase 0,5 pontos percentuais foram por causa deste bem.
Fruta fresca e congelada, gasóleo, gasolina, com subidas de preços mensais em torno de 5%, também deram fortes contributos para a continuação da escalada da inflação em Portugal.
A ajudar na descida dos preços face ao mês anterior estiveram, por exemplo, os serviços de alojamento, como os hotéis, e a electricidade, cujo preço caiu 2,69%. No caso da electricidade, o INE explica que este resultado é “consequência da redução da taxa de IVA aplicável a uma parcela da energia consumida”.