“Oficialmente, não existes”: os presos políticos de Sisi e o nosso silêncio cúmplice
Não conseguiremos enfrentar o desafio climático sem os ditadores sanguinários no barco. Mas uma coisa é participar na COP do Egito de Sisi, outra entrar e sair sem lhe dizer o que ele tem de ouvir.
Em junho de 2019, Mohamed Morsi, primeiro presidente civil egípcio eleito democraticamente, desmaiou durante uma sessão do julgamento. Segundo testemunhas, passaram mais de vinte minutos até chegarem socorros e os médicos presentes na sala foram impedidos de intervir. Morsi estava detido desde o golpe do então chefe do Exército Abdel Fattah El-Sisi, em 2013. Em novembro de 2019, um relatório da ONU afirmava que a morte de Morsi ocorreu na sequência de “condições que aparentam um assassinato arbitrário sancionado pelo Estado”. Morsi não tinha tratamento adequado para a diabetes e a hipertensão, dormia no chão de cimento, sem livros, jornais ou rádio, fechado na cela 23 horas por dia, sem contacto com outros detidos durante a única hora em que podia fazer exercício físico. Nos seis anos de detenção, recebeu três visitas da família.
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