DGS justifica alargamento de vacinas a maiores de 50 anos com aumento de internados

O outro motivo para o alargamento da vacinação é o de que há doses disponíveis. Até quarta-feira, tinham sido vacinadas contra a covid-19 metade dos maiores de 60 anos.

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A monitorização do impacto da epidemia de covid-19 faz-se olhando para o número de internamentos hospitalares e as mortes Rui Gaudeêncio

Há cada vez mais pessoas entre os 50 e os 59 anos internadas nos hospitais com covid-19 e há doses de vacinas disponíveis. Foi esta, em síntese, a justificação da comissão técnica de vacinação da Direcção-Geral da Saúde (DGS) para propor o alargamento a todas as pessoas a partir dos 50 anos, que vai ser posto em prática em breve.

“A nossa prioridade é proteger os que podem morrer e os que podem ir para aos hospitais” por causa da covid-19, explicou ao PÚBLICO Manuel Carmo Gomes, que é membro da comissão de vacinação, lembrando que “a idade é o principal factor de risco”.

“Há cada vez mais pessoas entre os 50 e os 59 anos a aparecer nos hospitais com covid-19 e a tendência será para que este número aumente à medida que se aproxima o Inverno. Havendo vacinas e com o número de hospitalizados a subir, parece lógico estender a protecção”, argumenta o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Numa altura em que deixou de ser possível ter uma ideia precisa do número de novos casos de infecção, a monitorização do impacto da epidemia de covid-19 faz-se olhando para o número de internamentos hospitalares e as mortes.

Esta quarta-feira, havia 37 pessoas com covid-19 nesta faixa etária internadas em enfermaria de hospitais do Serviço Nacional de Saúde, e cinco nas unidades de cuidados intensivos, especificou. Nesse dia, no total, estavam hospitalizados (enfermaria) 543 doentes com covid-19 e 35 (nos cuidados intensivos). No ano passado, no mesmo dia, eram 318 os internados em enfermaria e 62 os doentes com covid-19 internados nos cuidados intensivos, compara Manuel Carmo Gomes.

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Manuel Carmos Gomes é membro da comissão técnica de vacinação Rui Gaudêncio

O especialista sublinha que o facto de os casos de doentes em enfermaria e cuidados intensivos estarem a “aumentar devagarinho desde meados de Outubro” é um sinal de que o SARS-CoV-2 está “a circular muito”. Mas o número de mortes “está estável”, oscilando entre cinco a seis por dia em média, depois de no final de Outubro, ter chegado a oito.

A culpa será, em parte, das novas subvariantes da Ómicron que estão em circulação. Apesar de a subvariante BA.5 ainda ser dominante em Portugal, é crescente o peso das “subvariantes BQ.1 e da sua descendente BQ1.1, que são muito capazes de infectar por terem capacidade de fugir aos anticorpos”, diz Carmo Gomes.

Idosos em lares quase todos vacinados

A campanha de vacinação com a segunda dose de reforço contra a covid-19 arrancou este ano mais cedo do que é habitual, em 7 de Setembro, e destinava-se inicialmente apenas aos grupos considerados mais vulneráveis, começando pelos mais idosos e abrangendo os maiores de 60 anos, estimando-se ficasse concluída em 100 dias e abrangesse cerca de três milhões de pessoas. A operação está a decorrer em simultâneo com a vacinação contra a gripe, esta dirigida aos maiores de 65 anos.

Até esta quarta-feira de manhã, segundo os dados adiantados ao PÚBLICO pelo Ministério da Saúde, estavam vacinados contra a covid-19 metade dos elegíveis a partir dos 60 anos (1778 mil, ou seja, 50,1%) e, contra a gripe, 1,816 mil pessoas com mais de 65 anos, ou seja, 59,4% do total.

Nos 3572 lares de idosos e unidades da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, a vacinação estava quase concluída, faltando apenas 44 instituições, não incluídas ainda por terem tido, recentemente, surtos de covid-19. No total, nestas unidades, foram vacinadas contra a covid-19 114 mil pessoas e 128 mil contra a gripe.

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