Ocupações pelo clima: alunos da António Arroio sobem ao telhado da escola
Uma grande parte dos alunos ocupantes encontra-se neste momento barricada no telhado da escola, segundo um dos manifestantes contou ao PÚBLICO.
“Posso dizer que vai acontecer.” A decisão foi tomada já depois das 23h desta quarta-feira, no fim de um plenário improvisado que reuniu os mais de 50 alunos que pernoitavam na ocupação da Escola Artística António Arroio. Na manhã desta quinta-feira, pouco depois da chegada das funcionárias da escola às 7h, os alunos anunciaram que o movimento “ocupa” ia fechar a escola.
Uma grande parte dos alunos ocupantes encontra-se neste momento barricada no telhado da escola, segundo um dos manifestantes contou ao PÚBLICO. Entretanto, “a polícia há-de chegar e tomar as suas decisões”, diz Gil Oliveira, um dos estudantes que organizaram as acções. “Estamos à espera de uma resposta confusa da polícia”, admite.
Alunos tiveram formação sobre desobediência
Antes de chegar ao telhado, os agentes terão que “resolver os meios de bloqueio” desenvolvidos pelos alunos, que vão estar (literalmente) colados às entradas do edifício. Tudo em condições de segurança para os manifestantes, garante o aluno, tendo em conta o que aprenderam nas formações sobre desobediência civil que ocorreram nos últimos dias e a preparação intensiva durante a noite.
Acima de tudo, sublinha o aluno, “isto ainda continua a ser uma manifestação pacífica”. “Começámos agora com cânticos”, relata ao PÚBLICO, por telefone. Se a polícia tentar retirar os estudantes do local, a resistência será sempre feita sem violência.
E a reacção dos outros colegas? “Há muitos indiferentes ainda, estamos a trabalhar nisso”, diz Gil, sublinhando, no entanto, que sentem apoio de alguns professores. Mesmo os responsáveis pela escola - na quarta-feira, os alunos da António Arroio e do Liceu Camões reuniram com os directores de ambas as instituições - parecem apoiar a causa, mas dizem-se de mãos atadas para ceder no que os estudantes apelam: “fechar as escolas até o Estado tomar as acções”.
A urgência
Para Gil, a urgência da reivindicação, contudo, justifica os meios: “Estamos com pouco tempo, temos sete anos”, alerta o estudante, referindo-se à meta de 2030 para acabar com os combustíveis fósseis e conter o aquecimento global que está a levar o planeta para pontos de não retorno.
Além dos dois pontos-chave do consenso de acção das várias ocupações em curso sob o mote “Fim ao Fóssil: Ocupa!” - o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e a demissão do ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva -, o caderno de encargos dos “ocupas” inclui outras reivindicações especificamente dedicadas a mudanças nos estabelecimento de ensino que frequentam.