Marcelo realça “cortesia institucional” de Jerónimo e deseja felicidades a Paulo Raimundo
O Presidente da República foi o primeiro político a pronunciar-se sobre substituição de líder do PCP. Carlos Brito ficou surpreendido.
O Presidente da República não se mostrou muito surpreendido com a substituição anunciada de liderança do PCP, em que Jerónimo de Sousa dá lugar a Paulo Raimundo. Mesmo sem querer comentar “escolhas partidárias”, Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de sublinhar a “cortesia institucional” que sempre houve entre ele e Jerónimo de Sousa, o líder cessante, desejando “felicidades” ao novo secretário-geral, Paulo Raimundo.
“Conheço o secretário-geral cessante há 50 anos, fomos ambos [deputados] constituintes e lembro-me dele muito jovem na bancada do PCP”, afirmou Marcelo, acrescentando que sempre manteve com ele “uma cooperação institucional, independentemente de concordâncias e discordâncias, como a da votação do Orçamento do Estado [no ano passado] que motivou a dissolução do Parlamento”.
Mas a ideia que o chefe de Estado quis frisar foi mesmo a de “cortesia institucional e cooperação institucional” que sempre existiu na relação com Jerónimo de Sousa.
Quanto ao seu substituto, Paulo Raimundo, Marcelo recorda-se dele ao lado de Carlos Carvalhas, quando ele próprio era líder do PSD: “Fazia parte dos órgãos dirigentes do PCP”, disse Marcelo, desejando-lhe felicidades.
Numa reunião do Comité Central do PCP marcada para o próximo sábado, 12 de Novembro, “será feita a proposta de eleição de Paulo Raimundo para secretário-geral do PCP”, lê-se no comunicado enviado esta noite para as redacções.
Também o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, agradeceu o “enorme contributo” de Jerónimo de Sousa para as instituições democráticas portuguesas, em reacção ao anúncio da sua saída de secretário-geral do PCP.
“No dia em que se anuncia que o deputado Jerónimo de Sousa deixará de ser, a seu pedido, secretário-geral do PCP, é tempo de agradecer o enorme contributo que tem dado para as instituições democráticas portuguesas”, escreveu Augusto Santos Silva na sua conta na rede social Twitter.
Outras reacções
Em declarações à Antena 1, Carlos Brito, histórico dirigente do PCP, do qual saiu para fundar a Renovação Comunista, mostrou-se surpreendido com a saída repentina de Jerónimo de Sousa. “Daqui por uns dias pode ser que nós tenhamos mais elementos para poder apreciar o que significa esta repentina mudança. Só pode ter sido fortíssimos motivos de saúde. Tanto mais que a conferência está por dias, seria natural que houvesse uma substituição no quadro da conferência. É uma surpresa total e só pode ser compreendida por motivos urgentes ligados a doença”, disse.
O antigo líder da CGTP, Arménio Carlos, sublinha a boa relação de Paulo Raimundo com os membros do PCP. “Sempre teve um bom relacionamento com a generalidade dos militantes do partido, com as organizações que acompanhava e parece-me com o apoio do colectivo vai com certeza corresponder aquilo que se espera. Na prática, não é o homem que faz o mundo, mas são os militantes, os simpatizantes e as pessoas que, no seu conjunto, ajudam o homem a transformar o mundo”, afirmou à Antena 1.
Já o ex-deputado comunista António Filipe reagiu com algum humor. “Fiquem tranquilos. Nem o Jerónimo de Sousa morreu nem o Paulo Raimundo nasceu hoje. Estamos juntos e a luta continua”, escreveu no Twitter.
Luís Montenegro, presidente do PSD, também reagiu no Twitter à saída de Jerónimo de Sousa. “Estou nos antípodas do comunismo. Mas respeito democraticamente os seus “crentes”. No caso de Jerónimo de Sousa, sempre apreciei a sua simplicidade e urbanidade. Sempre me emprestou simpatia pessoal e lealdade no combate político. Desejo-lhe felicidades pessoais e familiares”, escreveu.