RTP estreia já no dia 16 cinco telefilmes realizados por mulheres
Projecto Contado por Mulheres foi apresentado esta tarde em Lisboa. Novos títulos estreiam-se às quartas-feiras a partir de dia 16.
No próximo dia 16 revela-se aos espectadores da RTP1 o primeiro dos telefilmes do projecto Contado por Mulheres, uma parceria da Ukbar Filmes e do canal público que entregou dez histórias lusófonas a outras tantas estreantes na realização. “São todas primeiras obras”, frisou esta quarta-feira a produtora Pandora Cunha Telles. Atrás das câmaras estão actrizes, produtoras, encenadoras ou realizadoras (mas de publicidade) como Cristina Carvalhal ou Daniela Ruah, integrando uma produção “com grande escala”, nas palavras do director de programas da RTP, José Fragoso.
Na forja há cerca de três anos, e partindo de uma ideia de Pablo Iraola e Pandora Cunha Telles (com parceria da polaca Krakow Film Klaster), o projecto visa não só dar oportunidades às mulheres para se exercitarem atrás das câmaras mas também a “descentralização”, frisa a produtora da Ukbar Filmes. Todos os filmes foram feitos na zona Centro (Guarda, Ovar, Ferreira do Zêzere, Torres Vedras), ao longo de sete meses, em plena pandemia, com o apoio das autarquias locais e do fundo de turismo e cultura PicPortugal. Para já, estreiam-se cinco, um por semana, às quartas-feiras no horário das 21h; entre Março e Abril de 2023 chegam os restantes cinco. As honras fazem-se com um sorriso de Vizinhas.
Baseado no conto homónimo de Teolinda Gersão, o filme que abre a sequência foi realizado por Sofia Teixeira Gomes, autora com currículo como produtora, anotadora e assistente de direcção, mas também como autora da curta-metragem La señorita Zuenig (2004). Segue-se, no dia 23, o filme de Ana Cunha (produção, casting), que adaptou A Traição do Padre Martinho, de Bernardo Santareno, com a ajuda da argumentista Cláudia Clemente; a fechar o mês, dia 30, chega o projecto de Cristina Carvalhal, que dirigiu Os Armários Vazios, a partir do romance de Maria Judite de Carvalho.
Dezembro começa com Daniela Ruah (actriz de NCIS: Investigação Criminal Los Angeles ou A Espia), que filmou em Torres Vedras uma adaptação de Os Vivos, o Morto e o Peixe Frito, do escritor angolano Ondjaki. Sobre ele, a actriz Soraia Tavares deixou uma nota emocionada: “Estar num set com outro negro é raro, e estar num set em que o elenco é maioritariamente negro mais raro é.” Igor Regala, um dos seus colegas de plateau, elogiou Ruah pelo facto de, como emigrante, ter trabalhado com “um elenco de imigrantes” ou descendentes de imigrantes. A actriz e realizadora participou na apresentação no Centro Cultural de Belém por vídeo, e confessou que a sua maior aprendizagem foi mesmo que “uma realizadora tem de ser como um polvo”.
Antes do final do ano, a 14 de Dezembro ficar-se-á a saber o que acontece Quando o Diabo Reza, que Fabiana Tavares realizou a partir de um original de Mário de Carvalho.
Em 2023 chegarão os filmes da actriz Anabela Moreira (Há-de Haver Uma Lei, inspirado numa obra de Maria Archer); de Maria João Luís, também actriz e encenadora (A Hora dos Lobos, inspirado em Alcateia, de Carlos de Oliveira); de Diana Antunes (O Pio dos Mochos, de Soeiro Pereira Gomes), de Rita Barbosa (Jogos de Enganos, a partir de outro título de Carlos de Oliveira, Pequenos Burgueses), e de Laura Seixas, cineasta radicada em Londres (Serpentina, de Mário Zambujal).
Todas as realizadoras tiveram o apoio de um consultor criativo estrangeiro durante o desenvolvimento e no ano seguinte à estreia dos filmes “terão uma madrinha”, acrescentou Pandora Cunha Telles. Ao abrigo do programa de mentoria associado ao projecto Contado por Mulheres, profissionais como Mamen Quintas ou Mariela Besuievski (vencedora do Óscar por O Segredo dos Seus Olhos) vão acompanhar estas novas autoras, orientando-as sobre os próximos passos nas suas carreiras, sobretudo tendo em vista a internacionalização.
Notícia corrigida: as realizadoras tiveram apoio de consultor durante a fase de desenvolvimento dos projectos e não na fase de rodagem