Sporting cai na Champions. Agora, resta a Liga Europa

Os “leões” viveram nesta terça-feira mais uma desilusão, mas acabaram por minimizar as perdas, com o lugar garantido na segunda prova de clubes mais importante da UEFA.

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EPA/ANTONIO COTRIM

Quando acordaram nesta terça-feira, os sportinguistas sabiam que poderiam terminar o dia com lugar na Liga dos Campeões, com uma menos entusiasmante posição na Liga Europa ou apenas um lugar no sofá, para ver o futebol europeu a partir de casa. Agora, que se preparam para irem dormir, terão de ir em sobressalto: o Sporting não vai continuar entre os maiores clubes da Europa.

A equipa “leonina” perdeu (1-2) frente ao Eintracht Frankfurt, na última jornada do grupo D da Champions, resultado que não lhes permite seguir em frente na competição. Mas este desfecho assegura, pelo menos, uma vaga na Liga Europa, com a terceira posição final, já que o Tottenham, com um golo aos 90+5’, deixou o Marselha abaixo da equipa portuguesa.

A equipa de Rúben Amorim vai, desta forma, poder fazer da segunda competição mais importante da Europa uma tela para desenhar um final de temporada melhor do que tem sido até aqui: o campeonato é uma utopia e a Taça de Portugal já lá vai.

O Sporting até esteve a ganhar neste jogo – e o empate seria suficiente para seguir em frente –, mas a equipa desabou na segunda parte e não teve argumentos ofensivos para reverter a situação nos minutos finais. Valeu o Tottenham.

Pote fulcral

Sporting e Eintracht levaram a jogo sistemas tácticos semelhantes, mas com uma nuance: o 3x4x3 dos alemães era, muitas vezes (sobretudo com bola), um 3x5x2, pela forma como Götze funcionava mais como terceiro médio, para criar, do que como atacante, para definir.

Esse detalhe acabou por ter impacto na forma como o Sporting demorou a encaixar no Eintracht, mas a solução encontrada foi libertar um dos centrais para poder subir mais na pressão quando Götze “fugia”.

Estabilizada essa dinâmica sem bola, o Sporting tinha, depois, uma outra, com bola: o posicionamento de Pedro Gonçalves. Apesar de fazer parte da dupla de médios, Pote acabou por circular muito pelo corredor esquerdo, por vezes mais até do que quando actua na meia-esquerda do ataque.

Essa mobilidade tinha uma vantagem: arrastar Kamada e abrir espaço no meio-campo alemão. O médio japonês – que é um desperdício em zonas tão recuadas –, até pela quase simetria dos sistemas tácticos, foi muitas vezes seduzido a ir atrás de Pote, algo que deu ao Sporting algum espaço para sair.

Ainda assim, não era claro que estivesse ali “ouro”. Em rigor, o jogo foi bastante equilibrado e, com o passar dos minutos, ambas as equipas foram acertando as respostas a estas dinâmicas.

É certo que houve uma má finalização de Edwards aos 8’, um quase auto-golo de Paulinho aos 12’ e uma transição mal definida por Ugarte aos 32’, mas esses lances resultaram mais de situações pontuais de bola parada ou erros técnicos do que em especial engenho ofensivo de uma ou outra equipa.

Até que aos 39’ Pote desequilibrou o jogo pela mobilidade. Não o fez ao pedir bola no corredor, como até então, mas sim ao aparecer na área no momento de um cruzamento de Ugarte ao qual dificilmente iria corresponder. Ainda assim, foi a corrida de Pote para a zona do penálti que deixou Tuta sem saber o que fazer – e Arthur ficou, assim, com espaço para finalizar ao segundo poste.

Rode mudou o jogo

Este golo teve influência directa de Ugarte e Arthur, mas o impacto da movimentação de Pote foi tão ou mais importante do que o passe e o remate.

Para a segunda parte o Eintracht precisava de atacar, mas levou a jogo um médio. O paradoxo é apenas aparente, já que a equipa não ficaria (e não ficou) necessariamente mais defensiva – com Rode no meio-campo, Kamada pôde voltar a jogar no ataque, zona do terreno onde mais consegue fazer a diferença.

O Eintracht conseguiu jogar uns metros mais à frente, curiosamente nem tanto pela influência de Kamada, mas até mais pela de Rode, que, como médio, trouxe agressividade e um raio de acção bastante mais alargado, com pressão em zonas altas.

Esta maior presença ofensiva, a “reboque” de Rode, acabou por ganhar nexo aos 60’, quando um lance confuso deu penálti de Coates, por mão na bola.

Kamada marcou o empate e o jogo, tal como Rúben Amorim tinha dito, começou a ser disputado com a cabeça nas consequências pontuais.

O técnico tinha recusado jogar para o empate, mas assumiu que, nos minutos finais, esse cenário poderia ser equacionado. Pelo ascendente psicológico e territorial do Eintracht e até pelo impacto mental das lesões de Nuno Santos e Ugarte (estaria tudo pronto para correr mal?), o Sporting começou a adoptar uma postura menos audaz.

Com o bloco bem mais baixo, o Sporting ficou à mercê de que qualquer bola na área, até pela maior presença ofensiva dos alemães, pudesse dar problemas.

E foi o que aconteceu aos 72’, com Muani a ganhar no corpo-a-corpo com Inácio e finalizar com qualidade.

A partir daqui houve pouco futebol ofensivo “leonino”, numa demonstração de claro desnorte. E houve, nos minutos finais, o natural desespero de bolas directas, algo que pela incapacidade ofensiva em toda a segunda parte até poderia ter sido feito mais cedo.

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