O presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves (PS), e o seu vice-presidente, David Teixeira, demitiram-se esta sexta-feira dos respectivos cargos, depois de esta quinta-feira terem sido detidos pela Polícia Judiciária (PJ) no âmbito da Operação Alquimia​, revelou o advogado Ricardo Sá Fernandes em declarações transmitidas pela SIC Notícias.

Em causa estão os indícios da prática dos crimes de associação criminosa, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, falsificação de documentos, abuso de poder e participação económica em negócio, como apurou o PÚBLICO.

Esta sexta-feira, os dois suspeitos renunciaram aos seus mandatos na autarquia de Montalegre. “O meu cliente [o vice-presidente David Teixeira] era até há cerca de uma hora o vereador e vice-presidente da Câmara Municipal de Montalegre. Já não é. Renunciou ao cargo”, declarou Sá Fernandes aos jornalistas, à saída do Tribunal de Instrução Criminal do Porto.

O advogado informou ainda que também o até aqui presidente da autarquia renunciou ao cargo. “Isto é uma situação que, naturalmente, põe em causa a autoridade política de quem governa o município”, justificou Ricardo Sá Fernandes.

Contactada pelo PÚBLICO, a vereadora socialista Fátima Fernandes preferiu não comentar a renúncia dos dois autarcas.

A investigação que levou à detenção dos dois autarcas tem vários anos e somou denúncias que apontavam para a existência de viciação na adjudicação de obras e na aquisição de serviços ligados ao uso de maquinaria no sector da construção civil. Segundo a Polícia Judiciária, em causa está um volume global de procedimentos de contratação pública, no período de 2014 a 2022, suspeitos de viciação para benefício de determinados operadores económicos, num valor que ascende a 20 milhões de euros.

Além dos dois autarcas foi ainda detido o chefe da Divisão de Ordenamento do Território, Urbanismo e Obras Municipais.

Orlando Alves e David Teixeira assumiram os cargos em 2013 e estavam a cumprir o terceiro mandato. Nas eleições autárquicas de Setembro de 2021, em Montalegre, o PS obteve 51,17% dos votos (o que corresponde a quatro mandatos) e o PSD 42,35% (três mandatos).