Penny Mordaunt anuncia candidatura ao cargo de primeira-ministra do Reino Unido

Actual porta-voz do Governo na Câmara dos Comuns e terceira classificada na corrida à sucessão de Johnson quer “unir o país, cumprir promessas e vencer as próximas eleições”.

Foto
Penny Mordaunt, actual líder da Câmara dos Comuns Reuters/TOBY MELVILLE

A corrida à sucessão da primeira-ministra Elizabeth Truss, que apresentou a demissão na quinta-feira ao fim de apenas 45 dias no cargo, já tem uma candidatura oficial: Penny Mordaunt, antiga ministra da Defesa e actual líder da Câmara dos Comuns, anunciou esta sexta-feira que vai concorrer à liderança do Partido Conservador.

“Fui encorajada pelo apoio que recebi de colegas que querem um novo início, um partido unido e uma liderança em nome do interesse nacional. Candidato-me a líder do Partido Conservador e vossa primeira-ministra – para unir o nosso país, cumprir as nossas promessas e vencer a próxima eleição geral”, escreveu no Twitter.

Terceira classificada na anterior corrida à liderança do partido tory e do Governo – vencida por Truss, no duelo final com Rishi Sunak –, Mordaunt precisa agora de pelo menos cem apoios declarados entre os actuais 357 deputados conservadores para poder oficializar a sua candidatura junto do grupo parlamentar 1922 Committee.

Alguns deputados importantes, como a ex-ministra do Comércio, Andrea Leadsom, apressaram-se a declarar publicamente o seu apoio a Mordaunt mal esta anunciou a candidatura e a agência de notícias PA diz que o actual ministro das Finanças, Jeremy Hunt, também está com ela, depois de lhe ter sido garantido que manterá o cargo.

De acordo com as contas da BBC, porém, por esta altura, apenas 19 deputados declararam publicamente o seu apoio a Penny Mordaunt.

Nos termos das regras definidas pelo 1922 Committee, apenas três deputados podem concorrer ao posto de Truss, por causa do tal requisito dos cem apoios. Os dois candidatos mais votados pelos 357 deputados, numa ou em duas eleições agendadas para segunda-feira à tarde, apuram-se para a etapa decisiva, na qual já participam os cerca de 170 mil militantes do partido.

A votação dos membros decorrerá online e resultado final será divulgado na sexta-feira. Esta votação deixa, no entanto, de existir, se só houver uma candidatura.

Para já, Penny Mordaunt é a única concorrente. Mas a candidatura de Sunak, ex-ministro das Finanças, também é dada como certa pela imprensa britânica, por causa do vasto apoio que tem junto de uma importante facção dos deputados e pelo facto de todas as previsões que fez sobre os efeitos desastrosos do programa económico de Truss nos mercados financeiros se terem cumprido.

Existe ainda a possibilidade de Boris Johnson se candidatar a um regresso, menos de dois meses depois de ter cedido o lugar a Liz Truss. O ex-primeiro-ministro, forçado a demitir-se por causa dos vários escândalos que abalaram a sua liderança, conta com o apoio de pelo menos três actuais ministros: Ben Wallace (Defesa), Jacob Rees-Mogg (Comércio) e Simon Clarke (Habitação).

Segundo os cálculos da empresa Oddschecker, baseados nas apostas recebidas nas últimas horas, Sunak é o favorito à vitória (53% de probabilidades de vitória), seguido de Johnson (48%) e de Mordaunt (10%).

Apesar de ser mais moderada que a (ainda) primeira-ministra, Mordaunt protagonizou uma interessante batalha com Liz Truss pela ala direita e neoliberal do Partido Conservador durante a primeira etapa da eleição interna para a sucessão de Johnson – que apresentou a demissão em Julho.

Consciente da sua boa reputação para uma fatia significativa deputados conservadores, Truss convidou para líder da Câmara dos Comuns – uma espécie de porta-voz do Governo na câmara baixa do Parlamento que tem como missão fazer avançar e implementar a agenda legislativa do executivo – e lorde presidente do Conselho – cargo que faz a ponte entre o poder executivo e a Coroa.

Para além disso, Mordaunt presidiu a cerimónia que proclamou Carlos III como rei do Reino Unido, após a morte da rainha Isabel II, no início de Setembro.

Filha de um militar, foi reservista durante nove anos, na Marinha britânica (2010-2019). Antes disso e da política, formou-se em Filosofia, na Universidade de Reading.

Dentro do Partido Conservador desempenhou diferentes funções: liderou a juventude partidária; esteve na equipa de secretariado do partido; foi assessora de imprensa de William Hague, quando este dirigiu os tories (1997-2001); e foi secretária de Estado e ministra de várias pastas nos Governos de David Cameron, de Theresa May e de Boris Johnson, para além do de Truss.

Votou a favor o “Brexit” e goza de um apoio significativo entre os militantes do partido, dado que, a certa altura da corrida do Verão, a colocou como favorita à sucessão de Johnson, segundo as sondagens.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários