Autarca do Parque das Nações defende interdição de trotinetes em áreas como a frente ribeirinha
O autarca afirma que há um problema de mau estacionamento, com trotinetes largadas no espaço público e nos passeios, chegando a haver algumas a cair no rio Tejo.
O presidente da Junta de Freguesia do Parque das Nações, em Lisboa, Carlos Ardisson, defende a interdição de trotinetes em algumas áreas, como a frente ribeirinha e nos passeios. Em declarações à Lusa, Carlos Ardisson (CDS-PP, eleito pela coligação de direita “Novos Tempos"), recordou que há um regulamento a ser feito na Câmara Municipal de Lisboa e que se espera a sua conclusão “para o início do ano” (2023). “Há algumas coisas que devem ser feitas, apesar de haver alguma tentativa de melhoria por parte dos operadores, mas será necessário que [as trotinetes] se desliguem em alguns locais, que não seja possível andar em sentidos contrários [ao trânsito] ou nos passeios”, disse.
De acordo com o responsável, na sua freguesia, há um problema do mau estacionamento, com trotinetes largadas no espaço público e nos passeios, e algumas vão mesmo parar dentro de água, no rio Tejo. “Na frente rio resolvia-se com o bloqueio do acesso para não estacionar e não irem parar à água. Houve um vizinho que já ‘pescou’ 30 trotinetes dentro do rio”, contou.
Carlos Ardisson lembrou ainda dados avançados recentemente pelo presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, em que este dava conta da existência de “15 a 16 mil trotinetes” na cidade, e comparava com Madrid, com cinco vezes mais população e tamanho do que Lisboa, onde existem “seis a sete mil”.
Entre os dias 11 e 15 de Outubro a PSP desenvolveu, na zona do Parque das Nações, acções de fiscalização de trânsito direccionadas para os velocípedes e velocípedes com motor. “A circulação deste tipo de viaturas tem-se revelado como uma preocupação para uma grande parte dos cidadãos que residem ou frequentam o Parque das Nações, por razões laborais ou de lazer”, explicou a PSP em comunicado.
As acções foram realizadas ao longo de toda a Alameda dos Oceanos, tendo sido fiscalizados cerca de 50 velocípedes com motor: “trotinetes com motor”, “bicicletas com motor” e outras viaturas eléctricas, e ainda 20 velocípedes. Contudo, a polícia não quantificou quais as infracções mais encontradas. Segundo a PSP, os polícias levaram a cabo as acções de forma a sensibilizar os condutores destes tipos de veículos para o regime de contra-ordenações vigente, lembrando a “influência que os ilícitos contra-ordenacionais têm no sentimento de segurança da população”, e a alertar para os “perigos associados a um comportamento menos prudente e desconforme às regras definidas no Código da Estrada”.
As principais infracções detectadas prendem-se com a circulação de trotinetes com auriculares ou telemóvel, circulação das mesmas pelo passeio, condução sem ter o cartão de cidadão ou o bilhete de identidade e também circulação de dois passageiros na mesma trotinete.
Em Setembro, na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa para apresentar a intervenção do executivo municipal entre Junho e Agosto, Carlos Moedas disse ser “insustentável” o número de trotinetes na cidade, muitas mal estacionadas, e defendeu um memorando de entendimento com os operadores de mobilidade suave antes do Regulamento da Mobilidade Partilhada. “O regulamento vai ser bem feito, mas, antes disso, quero um acordo, um memorando de entendimento, com todos estes operadores que estão na praça”, afirmou o social-democrata.
Questionado sobre a Iniciativa Liberal sobre a elaboração do regulamento para disciplinar a utilização e o estacionamento abusivo de bicicletas e trotinetes na cidade, o autarca disse que o executivo já teve uma primeira reunião com alguns operadores, na qual perguntou quantas trotinetes é que cada um tinha no mercado: “Contámos 15 mil trotinetes.”
No início de Junho, em resposta à agência Lusa, a Câmara de Lisboa revelou que existiam na altura na capital portuguesa 11.000 trotinetas e bicicletas partilhadas sem doca (não necessitam de serem arrumadas e os clientes podem deixá-las em qualquer lugar das ruas da cidade) e quatro operadoras. O município adiantou então que está a estudar a forma de “melhor regular a actividade e pretende ter um regulamento em vigor tão brevemente quanto possível, que lhe permita monitorizar e controlar efectivamente a actividade de partilha de trotinetas e bicicletas sem docas”.