É mais um capítulo num combate que parecer estar ainda longe do último assalto. A judoca olímpica Telma Monteiro denunciou nesta segunda-feira, através das suas redes sociais, que a Federação Portuguesa de Judo (FPJ) lhe retirou a verba do Projecto Olímpico e “despediu” a seleccionadora nacional Ana Hormigo “por email”, um dia antes de a selecção portuguesa viajar para competir no Grand Slam de Abu Dhabi, de apuramento para os Jogos Olímpicos. Confrontado com as declarações da judoca, Jorge Fernandes, presidente da FPJ, afirma que Hormigo “não foi despedida”: “Não há condições para ela continuar. Foi afastada para já das selecções e vamos ver como o caso se vai resolver.”

Pouco mais de dois meses depois de Telma Monteiro e mais cinco judocas olímpicos assinarem uma carta aberta onde o presidente da FPJ era acusado de “opressão” e promover na modalidade um “clima insustentável e tóxico”, a atleta portuguesa voltou a colocar no seu ponto de mira Jorge Fernandes, que “continua a demonstrar o pouco respeito que tem pelos atletas”.

Numa publicação nas redes sociais, Telma Monteiro começou por revelar que na véspera da comitiva portuguesa viajar para Abu Dhabi, onde vai competir num Grand Slam que servirá de apuramento para os Jogos Olímpicos de Paris, a FPJ “despediu a treinadora Ana Hormigo por email”.

Sobre o afastamento de Hormigo, que é também treinadora de Telma Monteiro no Benfica, a judoca refere que quer “continuar a ter” a presença da treinadora “nas competições” e espera “que as entidades responsáveis intervenham nesse sentido”. “Como amiga digo-te que fico feliz que não tenhas mais de lidar directamente com essa instituição [FPJ]. Que sorte a tua!”, acrescenta a medalhada olímpica.

Para além do afastamento da seleccionadora, Telma Monteiro revelou que Jorge Fernandes, numa assembleia geral da FPJ realizada no passado fim-de-semana, “informou os presentes que os atletas que escreveram a carta aberta há uns meses terão esta semana para se retratarem ou serão levados a tribunal”.

Garantindo que este ano pagou “para realizar estágios internacionais” e “despesas relativas” à sua cirurgia”, Telma Monteiro diz que percebeu que “se quiser cumprir” o seu “plano desportivo por inteiro”, vai “ter de pagar também”. “Sábado, na reunião de planeamento, os treinadores foram informados de que eu, como outros atletas, já não temos verba do projecto olímpico - gerido pela federação - para realizar o planeamento que tínhamos feito”, afirma a judoca.

Em declarações à agência Lusa, Jorge Fernandes diz que Ana Hormigo “não foi despedida”, mas acrescenta que a seleccionadora, que “foi afastada para já das selecções e vamos ver como o caso se vai resolver”, já “se deveria ter demitido”.

Sobre o corte do apoio a Telma Monteiro, o presidente da FPJ diz que o “plano” da judoca “era impensável, uma coisa de loucos”. “O dinheiro não é elástico, não dá para tudo. Temos andado sempre a pedir adiantamento das verbas, mas não temos o dinheiro que a Telma gostava”, concluiu o presidente da FPJ.