Coligação de direita italiana divide-se em torno da eleição do presidente do Senado
O nome forte dos Irmãos de Itália para o lugar, Ignazio La Russa, foi eleito, mas foram necessários votos de senadores da oposição porque a Força Itália não aprovou o nome. Berlusconi não estará satisfeito com Georgia Meloni.
A nova coligação de direita italiana teve um início pouco auspicioso esta quinta-feira, mostrando-se dividida na eleição do presidente do Senado, que assumiu o cargo apesar de uma revolta do partido Força Itália, de Silvio Berlusconi.
A aliança liderada pelos Irmãos de Itália (FdI), de Georgia Meloni, tem tido dificuldades em chegar a acordo sobre os cargos a atribuir à coligação desde que ganhou com facilidade as eleições, a 25 de Setembro, e falhou no seu primeiro teste público com o resultado da votação no Senado desta quinta-feira.
Ignazio La Russa, do FdI, foi eleito presidente com 116 votos entre os 200 senadores – mas apenas graças a votos da oposição que compensaram a deserção dos membros do Força Itália.
Fontes da Reuters afirmam que o antigo primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, está furioso com Meloni, que se espera que seja nomeada primeira-ministra, por ter recusado algumas das suas exigências para o novo conjunto de ministros, que não deverá ser nomeado antes de 20 de Outubro.
O magnata dos media disse que os seus senadores abstiveram-se devido ao “forte mal-estar sobre os vetos impostos nos últimos dias relativamente à formação do governo”. O político de 86 anos disse esperar que esses “vetos” caíssem para permitir a “leal e efectiva colaboração com os outros partidos da coligação para dar rapidamente um governo ao país.
Pelo meio de acusações e recriminações no primeiro dia do novo Parlamento, não ficou imediatamente claro que membros da oposição apoiaram La Russa, um veterano de extrema-direita que iniciou a sua carreira no pós-fascista Movimento Social Italiano (MSI).
Depois das eleições que viram a extrema-direita italiana chegar ao poder o bloco que inclui os Irmãos de Itália, o Força Itália e a Liga, de Matteo Salvini, prometeu trazer estabilidade política a Itália após anos de governos de curta duração. “Vou tentar, com toda a minha força, ser o presidente de todos”, disse La Russa aos senadores, que viu os líderes da oposição negarem a responsabilidade pela sua eleição.
O ex-empresário Carlo Calenda, líder do partido centrista Acção, negou que os seus senadores tenham contribuído com os votos necessários para a eleição de La Russa. “Não tenho nada a ver com isso”, disse aos jornalistas, descrevendo o novo orador como “pós-fascista”.
A câmara baixa também vai eleger o seu presidente esta quinta-feira, sendo aqui necessária uma maioria mais significativa de dois terços. Riccardo Molinari, da Liga, é considerado o nome que reúne maior consenso – tal como era Ignazio La Russa para o Senado, antes da tomada de posição do Força Itália.