Uma música sobre os protestos iranianos em reacção à morte de Mahsa Amini, uma mulher curda que estava sob custódia da polícia, está a inundar a caixa de submissões para uma nova categoria especial dos Grammys, prémios promovidos pela Recording Academy.
Uma campanha no TikTok incentivou os utilizadores a nomear a música Baraye para um dos novos prémios especiais de mérito, atribuído à melhor canção pela mudança social. A música iraniana conta com 95 mil submissões, ou seja, mais de 83% do total de 115 mil candidaturas ao prémio, referiu a Recording Academy. As publicações nas redes sociais têm também ajudado a aumentar a sensibilização para os protestos no Irão e para a própria canção.
O músico iraniano Shervin Hajipour compôs a música a partir de tweets e de outras publicações das redes sociais de manifestantes, que homenageavam Mahsa Amini, a jovem de 22 anos que morreu sob custódia da polícia depois de ter sido acusada de violar o código de vestuário obrigatório do país. A polícia negou qualquer infracção, tendo informado os pais da jovem que Amini tinha morrido de um ataque cardíaco, algo que a família tem contestado. Nas semanas seguintes à morte da jovem, várias mulheres e raparigas de todo o país lideraram protestos e manifestações, arriscando a sua própria vida.
Hajipour também acabou detido depois de ter partilhado a música, cujo título significa Because Of ("por causa de”, em português). O jornal britânico The Guardian referiu ainda que a canção tinha sido retirada do Instagram após a detenção do músico iraniano, que acabou por sair em liberdade sob o pagamento de uma fiança. A música foi novamente publicada no YouTube e noutras redes sociais e foi “utilizada pelos iranianos em todo o mundo como um grito de revolta, tornando-se o hino do movimento”, menciona o texto da nomeação da canção para os Grammy Awards. No TikTok, a hashtag #Baraye tem quase um milhão de visualizações.
O prémio especial pretende distinguir uma canção “que teve uma profunda influência social e impacto”, apresentou a Recording Academy no seu site. As submissões para este prémio estão abertas até 14 de Outubro.
A Recording Academy ficou “profundamente comovida” com as publicações nas redes sociais, referiu o director-executivo Harvey Mason Jr numa declaração enviada por email. “Embora não possamos prever quem poderá ganhar o prémio, temos consciência de que a Recording Academy é uma plataforma para pessoas que querem mostrar apoio à ideia de que a música é um poderoso catalisador de mudança”, referiu.
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post