São João avança com cirurgia programada aos domingos para reduzir lista de espera

O São João quer operar ao domingo 140 doentes até ao final do ano. As especialidades que fazem parte do plano de redução do tempo de espera por cirurgia obesidade, cirurgia vascular, estomatologia e cirurgia geral.

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Hospital de São João, no Porto, quer operar ao domingo 140 doentes até ao final do ano Tiago Lopes

O Centro Hospitalar Universitário São João (CHUSJ), no Porto, que começou em Setembro a realizar cirurgia programada fora dos dias habituais para reduzir as listas de espera, quer operar ao domingo 140 doentes até ao final do ano.

As especialidades que fazem parte do plano de redução do tempo de espera por cirurgia através de operações ao domingo são obesidade, cirurgia vascular, estomatologia e cirurgia geral.

Em declarações à agência Lusa, a directora da Unidade Autónoma de Gestão (UAG) de Cirurgia do CHUSJ apontou como meta operar mais 64 doentes da especialidade de obesidade, 32 de cirurgia vascular e outros tantos de cirurgia geral, bem como 12 que aguardam vaga em estomatologia. “Este modelo ajudará a diminuir as listas de espera”, afirmou Elisabete Barbosa.

A directora apontou que em Portugal esta iniciativa em hospitais “não tem paralelo”, mas, por exemplo, no Reino Unido o conceito do ‘hospital sete dias’ é comum.

“E é um conceito com o qual estou de acordo. A ideia passa por aproveitar a capacidade instalada e o hospital funcionar os sete dias da semana para tratar doentes. Claro que este esforço obriga a criar vagas de fim-de-semana para recobro, ainda que algumas cirurgias sejam feitas em regime de ambulatório [recuperação em casa]”, descreveu.

O programa de produção adicional ao domingo do CHUSJ – que é centro de referência de cirurgia oncológica Hepato-Bilio-Pancreática do reto e do esófago e tem um Centro de Responsabilidade Integrada (CRI) de obesidade – começou na segunda quinzena de Setembro e foram até agora operados mais 40 doentes. “O objectivo é chegar às 140 cirurgias ao domingo até ao final do ano”, disse Elisabete Barbosa sobre um programa com “possibilidade de alargamento a outras especialidades”.

Quanto ao escalamento de equipas cirúrgica, de enfermagem e anestésica, esse é voluntário e remunerado, ou seja o profissional é convidado a trabalhar ao domingo e caso o aceite recebe pelo exercício desta produção adicional.

Elisabete Barbosa diz que, após a pandemia, o CHUSJ começou a ter uma grande referenciação por parte dos cuidados de saúde primários, atingindo até valores superiores a 2019. A referenciação para consulta cresceu mais 15% em relação ao ano passado e, consequentemente, a lista de doentes inscritos para cirurgia aumentou 7% também em relação a 2021 (dados de Agosto).

“Se realizamos mais consultas, naturalmente a lista de doentes para cirurgia também aumenta. Se temos salas optimizadas seis dias por semana porque não usá-las os sete dias?”, analisou a responsável, explicando que o bloco operatório do CHUSJ funciona das 8h às 20h de segunda-feira a sábado e agora das 8h às 17h ao domingo].

A directora admitiu que, por exemplo, em obesidade eram já “muitos” os doentes “quase a ultrapassar” o Tempo Máximo de Resposta Garantido (TMRG) que ronda, nesta especialidade, os 180 dias. A TMRG é o tempo considerado clinicamente aceitável para a prestação dos cuidados de saúde adequados à condição de cada utente do Serviço Nacional de Saúde, indicador definido por lei e publicado em Diário da República.