Microplásticos detectados em leite materno pela primeira vez

Estudo italiano encontrou partículas em 26 das 34 amostras de leite materno estudadas. Ainda não é claro até onde vão os danos causados pelos microplásticos.

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Uma equipa de investigadores italianos encontrou pela primeira vez microplásticos em leite materno, uma descoberta preocupante tendo em conta possíveis impactos na saúde dos bebés, que ainda não são claramente perceptíveis.

Em 2020, os mesmos investigadores italianos já tinham detectado microplástico em placentas, e vários estudos já encontraram estas partículas em pulmões, fezes humanas ou no sangue. Mas as observações do estudo publicado na revista científica Polymers, noticiado sexta-feira pelo jornal Guardian, preocupam a equipa devido à especial vulnerabilidade dos bebés a contaminantes químicos, mais ainda considerando a descoberta anterior nas placentas.

Os cientistas concluem que os químicos “possivelmente contidos nos alimentos, bebidas e produtos de higiene pessoal consumidos pelas mães lactantes podem ser transferidos para o filho, exercendo potencialmente um efeito tóxico”. É assim “obrigatório aumentar os esforços na investigação científica para aprofundar o conhecimento do potencial comprometimento da saúde causado pela internalização e acumulação de microplásticos, especialmente em bebés”.

Apesar das descobertas, os responsáveis pela investigação sublinham que a amamentação continua a ser a melhor forma de alimentar um bebé recém-nascido. Em declarações ao Guardian, Valentina Notarstefano, da Universitá Politecnica delle Marche, referiu que as vantagens da amamentação são “muito maiores que as desvantagens causadas pela presença de microplásticos poluentes”.

“Estudos como os nossos não devem reduzir a amamentação das crianças, mas sim sensibilizar o público para pressionar os políticos a promoverem leis que reduzam a poluição”, sublinhou. Até porque uma outra investigação, de 2020, concluiu que bebés amamentados a biberão engolem milhões de partículas de microplásticos por dia.

O estudo italiano recolheu – sem o recurso a plásticos durante o processo – ​amostras de leite materno de 34 mães saudáveis em Roma, uma semana depois do parto. Foram detectados microplásticos em 26 das 34 amostras (cerca de 76%), com os mais abundantes a serem compostos de polietileno, policloreto de vinilo e polipropileno.