Eurodeputada corta cabelo durante discurso para demonstrar solidariedade com iranianas

“Jin, Jiyan, Azadi.” Foi em curdo que a sueca Abir al-Sahlani se dirigiu ao Parlamento Europeu para dizer “Mulher, Vida, Liberdade”, enquanto cortava o cabelo preso num rabo de cavalo.

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A eurodeputada Abir Al-Sahlani Reuters/EUROPEAN UNION

Uma eurodeputada sueca cortou o cabelo durante um discurso no Parlamento Europeu, em solidariedade com as mulheres iranianas e com os protestos das últimas semanas, que começaram na sequência da morte de uma jovem detida pela chamada “polícia da moralidade” e se tornaram a maior onda de contestação ao regime dos últimos anos.

“Até que o Irão seja livre, a nossa fúria será maior do que a dos nossos opressores. Até que as mulheres do Irão sejam livres iremos apoiar-vos”, disse Abir Al-Sahlani, que nasceu no Iraque, num discurso em Estrasburgo, França, na terça-feira.

Em seguida, cortou o cabelo que tinha apanhado e disse em curdo: “Jin, Jiyan, Azadi” — Mulher, Vida, Liberdade.

Mahsa Amini, de 22 anos, entrou em coma logo depois de ser detida e morreu três dias depois, a 16 de Setembro. O facto de a jovem ser curda levou a que os primeiros grandes protestos acontecessem nas províncias onde se concentra a população curda do Irão, antes de se espalharem por todo o país e pelas principais cidades.

A contestação das iranianas alastrou também ao Curdistão iraquiano e sírio, com mulheres a marcharem segurando na mão os seus hijabs (lenços que cobrem o cabelo e são de uso obrigatório no Irão).

Os Guardas da Revolução iranianos têm atacado com drones e mísseis vários alvos na região curda do Norte do Iraque, incluindo as instalações de três partidos curdos nas províncias iraquianas de Erbil e Suleimanyah. Acusam-nos de instigarem os protestos e consideram que são organizações terroristas.

Actrizes francesas como Juliette Binoche e Isabelle Huppert também se filmaram a cortar pedaços de cabelo em protesto contra a morte de Mahsa Amini e em solidariedade com as mulheres iranianas, que nos protestos têm feito queimado hijabs e cortado o cabelo.

Mahsa Amini foi detida em Teerão, alegadamente por usar o véu islâmico de forma incorrecta, e acabou por morrer no hospital. A polícia alega que teve um ataque cardíaco e um AVC enquanto estava detida, mas a família insiste que Amini não tinha qualquer problema de saúde.

Os protestos contra a sua morte tornaram-se uma contestação mais alargada ao regime, originando uma forte repressão.