Douglas Sirk, nascido Detflef Sirk

Sobre um realizador que muito interessou a Fassbinder, acaba de sair um grande livro, que dá vontade de ir a correr ver o Douglas Sirk todo outra vez.

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Douglas Sirk, (1897-1987) Calle Hesslefors/ullstein bild via Getty Images

Disse Rainer Werner Fassbinder de Douglas Sirk: “Deu-me coragem para fazer filmes capazes de agradar ao grande público. Antes, acreditava que para se trabalhar seriamente era preciso livrarmo-nos da dramaturgia hollywoodiana. Os meus escrúpulos de europeu medianamente culto impedir-me-iam de contar histórias desta maneira. Sirk fez-me compreender que isso era possível”. O interesse de Fassbinder por Sirk — nascido Detlef Sierck, em Hamburgo, no ano de 1897 — foi uma das principais locomotivas do recrudescimento, a partir dos anos 70 do interesse pela obra do cineasta alemão naturalizado americano, então um pouco esquecido (retirara-se do cinema em 1959, com Imitação da Vida, uma das suas obras-primas) e relativamente desconsiderado pelo statu quo da crítica europeia (e ainda mais da americana, como é habitual nestes casos), apesar de no seu tempo ele ter sido notado pelos melhores (belas linhas escreveu Jean-Luc Godard nos Cahiers du Cinéma sobre Um Tempo para Matar, um Tempo para Morrer, logo na altura da estreia do filme). E o fascínio de Fassbinder por Sirk, nascido sobretudo da descoberta dos seus filmes dos anos 50 (“esses filmes desesperados sobre almas que não suportam estar separadas mas não podem estar juntas”), deu encontros pessoais — fosse mais “escritor”, mais “crítico”, Fassbinder podia ter sido o Bogdanovich ou o Truffaut de Sirk — e, em O Medo Come Alma, uma espécie de remake velado de Tudo o que o Céu Permite.

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