Moscovo procura recrutar russos em fuga da guerra junto às fronteiras
Alguns meios de comunicação divulgaram fotografias junto à fronteira com a Geórgia, onde era visível uma carrinha preta com as palavras: gabinete de alistamento militar. Outro gabinete foi estabelecido no lado russo junto à fronteira com a Finlândia.
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As longas filas de russos que procuram escapar à mobilização militar parcial anunciada por Putin continuavam esta quarta-feira a entupir as estradas para fora do país e Moscovo estabeleceu gabinetes de recrutamento nas fronteiras para tentar interceptar os cidadãos que passam junto às fronteiras.
A Ossétia do Norte, região russa que faz fronteira com a Geórgia, decretou estado de “alerta máximo” e anunciou que comida, água, equipamentos de aquecimento e outras ajudas devem ser trazidas para aqueles que passam dias em filas. A região restringiu a entrada de muitos carros de passageiros no seu território e montou um gabinete de recrutamento na fronteira de Verkhy Lars, referiram agências de notícias russas.
No outro lado da fronteira, na Geórgia, voluntários também estão a mobilizar água, cobertores e outros tipos de assistência. De acordo com o Ministério do Interior da Geórgia, cerca de 10 mil cidadãos russos estão a atravessar diariamente a fronteira.
Alguns meios de comunicação divulgaram fotos junto à fronteira, onde era visível uma carrinha preta com as palavras: gabinete de alistamento militar. Outro gabinete deste género foi estabelecido no lado russo junto à fronteira com a Finlândia, segundo a agência de notícias russa independente Meduza.
O anúncio de Moscovo da mobilização de 300 mil reservistas, feito na semana passada, está a desencadear o êxodo de um grande número de homens russos em idade militar que se recusam a lutar na Ucrânia, alvo de uma ofensiva militar russa desde Fevereiro passado.
Embora o Presidente russo, Vladimir Putin, tenha anunciado em 21 de Setembro uma mobilização “parcial”, muitos russos temem que seja muito mais amplo e arbitrário. Na Rússia surgem inúmeros relatos de homens sem formação militar e de todas as idades a receberem avisos para serem mobilizados.
Na Rússia surgem inúmeros relatos de homens sem formação militar e de todas as idades a receberem avisos para serem mobilizados.
Aleksandr Kamisentsev, que deixou a sua casa em Saratov e fugiu para a Geórgia, descreveu a situação no lado russo da fronteira como “muito assustadora”. “É tudo muito assustador, lágrimas, gritos, um grande número de pessoas. Há um sentimento de que o governo não sabe como organizá-lo. Parece que eles querem fechar a fronteira, mas ao mesmo tempo têm medo de que os protestos aconteçam e deixam as pessoas saírem”, contou o russo à agência Associated Press (AP).
Os russos têm atravessado a fronteira de carro, mota, bicicleta ou a pé. Também há longas filas na fronteira com o Cazaquistão, que recebeu mais de 98 mil russos desde a semana passada. No total, a Rússia faz fronteira terrestres com 14 países.