China apela a cessar-fogo após Moscovo anunciar mobilização parcial
A posição da China sobre o conflito “sempre foi clara e não mudou” e passa por “respeitar a integridade territorial de todos os países”, incluindo a Ucrânia, afirma o Governo chinês. Por isto, demonstra preocupações quanto a esta decisão.
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A China apelou, nesta quarta-feira, ao diálogo e ao apoio de “qualquer esforço” que permita um cessar-fogo na Ucrânia, depois de o Presidente russo, Vladimir Putin, ter anunciado uma mobilização parcial. “Todos os esforços que levem a uma solução pacífica desta crise devem ser apoiados”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Wenbin, durante uma conferência de imprensa.
O porta-voz assegurou que a posição da China sobre o conflito “sempre foi clara e não mudou”. Esta passa por “respeitar a integridade territorial de todos os países”, incluindo a Ucrânia e, ao mesmo tempo, atentar para as “legítimas preocupações de segurança” da Rússia.
Pequim declarou repetidamente a sua oposição às sanções contra Moscovo por “não terem base no Direito internacional” e “não resolverem os problemas”.
Putin e o homólogo chinês, Xi Jinping, encontraram-se na quinta-feira passada, na cidade uzbeque de Samarcanda, na véspera da cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), liderada pela China e pela Rússia. No início da reunião, Putin apreciou o facto de Pequim sempre ter mantido “uma posição equilibrada” sobre a Ucrânia, embora tenha admitido “perguntas e preocupações” por parte do líder chinês.
Xi assegurou que está disposto a trabalhar com a Rússia para “prestar apoio mútuo” em assuntos relativos aos seus respectivos “interesses fundamentais”.
Também o conselheiro do Presidente ucraniano Mijailo Podolyak reagiu e afirmou que a mobilização de reservistas anunciada esta quarta-feira pela Rússia contraria todos os planos iniciais de Moscovo, que esperava que a agressão demorasse apenas três dias até a Ucrânia sucumbir.
“Estamos no dia 210 da ‘guerra de três dias’. Os russos, que exigiam a destruição da Ucrânia, acabaram por ser mobilizados, por verem fronteiras encerradas, por enfrentarem um bloqueio das suas contas bancárias e por serem presos por deserção”, escreveu Podolyak numa mensagem divulgada na rede social Twitter.
210th day of the "three-day war". Russians who demanded the destruction of ???? ended up getting:
— ??????? ??????? (@Podolyak_M) September 21, 2022
1. Mobilization.
2. Closed borders, blocking of bank accounts.
3. Prison for desertion.
Everything is still according to the plan, right? Life has a great sense of humor.
A embaixadora norte-americana na Ucrânia, Bridget Brink, considerou, por sua vez, que o anúncio da mobilização parcial de cidadãos na Rússia e os referendos para a anexação de territórios ucranianos são um “sinal de fraqueza e de fracasso” das autoridades russas.
“Referendos e mobilização semelhantes são sinais de fraqueza, do fracasso russo”, afirmou Brink na rede social Twitter, garantindo que o seu país continuará “a apoiar a Ucrânia o tempo que for preciso”.
Sham referenda and mobilization are signs of weakness, of Russian failure. The United States will never recognize Russia's claim to purportedly annexed Ukrainian territory, and we will continue to stand with Ukraine for as long as it takes.
— Ambassador Bridget A. Brink (@USAmbKyiv) September 21, 2022
A medida de mobilização anunciada por Putin, que já entrou esta quarta-feira em vigor, é justificada com a necessidade de defender a soberania e a integridade territorial do país. O ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, anunciou esta quarta-feira a mobilização de 300 mil reservistas e reconheceu que o país perdeu 5937 soldados durante a campanha na Ucrânia iniciada em Fevereiro.
A Rússia, que invadiu a Ucrânia a 24 de Fevereiro, está pronta a utilizar “todos os meios” ao seu dispor para “se proteger”, declarou Putin, que acusou o Ocidente de procurar destruir o país.