“Favorecer grandes grupos” ou “que se concretize o quanto antes”. Como os partidos vêem a proposta de descida do IRC

O PCP e o PAN já se pronunciaram sobre a proposta de descida do IRC feita pelo ministro da Economia no fim de semana.

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O PCP liderado por Jerónimo de Sousa critica a medida defendida no fim de semana pelo ministro da Economia LUSA/André Kosters;ANDRE KOSTERS

O PCP considerou esta segunda-feira que a proposta do Governo de redução do IRC demonstra que da parte do PS existe uma “opção política cada vez mais clara de favorecer os grandes grupos económicos”.

Contactado pela Lusa, o deputado comunista Bruno Dias disse que “colocar a questão de uma “redução transversal” do IRC, conforme a expressão do ministro da Economia, na verdade traduz uma opção política de beneficiar aqueles que - ao contrário das micro, pequenas e médias empresas - contribuem muito menos do que seria exigível”.

No domingo, o ministro da Economia, António Costa Silva, disse que, “face à crise” que o país está a atravessar, uma “redução transversal” do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRC) seria “extremamente benéfica” e um “sinal extremamente importante para toda a indústria” portuguesa.

Na óptica do PCP, essa proposta reflecte apenas que “continua a haver uma situação de grande injustiça e de grande desigualdade” para com os trabalhadores por conta de outrem e as empresas de menor dimensão, “ao passo que os grandes grupos económicos continuam a viver acima das possibilidades”.

“Há uma opção política cada vez mais clara de favorecer os grandes grupos económicos”, reforçou o dirigente do PCP.

Bruno Dias acrescentou que António Costa Silva é o mesmo ministro que diz que as grandes empresas “não estavam preparadas para a tributação” sobre os lucros extraordinários.

Se isto seria “sempre inadmissível” em “qualquer altura”, continuou o deputado comunista, hoje é “quase chocante” face à degradação das condições de vida dos portugueses.

“O Governo pelos vistos considera que os grandes grupos económicos só estão preparados para os lucros, não estão preparados para serem tributados. O povo é que tem de estar preparado para o aumento da factura da energia, do preço da renda e da conta do supermercado”, rematou.

Actualmente a taxa de IRC é de 21% sobre o lucro das empresas até 1,5 milhões de euros. A esta taxa acresce uma derrama estadual para as empresas com maior lucro e, ainda, uma derrama municipal.

Também numa nota enviada à Lusa, o PAN omitiu opinião contrária. O partido congratulou-se com a abertura do Governo a uma descida do IRC para todas as empresas e espera que “se concretize o quanto antes” e que beneficie aquelas com maior responsabilidade ambiental.

O partido liderado por Inês Sousa Real assinala que “a descida do IRC foi umas das primeiras medidas que o PAN defendeu e que consta inclusivamente do programa eleitoral”.

Por isso, o PAN vê “com bons olhos a abertura manifestada pelo Governo para uma descida do IRC para todas as empresas” e espera que “se concretize o quando antes”.

O partido defende também que esta descida “seja acrescida de uma majoração” para as empresas que “façam pautar a sua actividade por uma responsabilidade ambiental”.

Notícia actualizada às 17:28 com posição do PAN