Lojas fecham no dia do funeral de Isabel II e o Reino Unido fica mais próximo da recessão

Paralisação de supermercados e lojas poderá levar a uma redução de 0,2% do PIB britânico em Setembro.

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O funeral de Estado de Isabel II decorre nesta segunda-feira, em Londres Reuters/POOL

As principais cadeias retalhistas, supermercados e diversões do Reino Unido vão encerrar na segunda-feira por ocasião do funeral da rainha Isabel II, declarado feriado nacional, o que poderá empurrar o país para a recessão, dizem economistas.

Embora o Rei Carlos III tenha declarado o dia feriado nacional, cada empresa pode decidir se abre normalmente, dado que a maioria dos estabelecimentos tendem a funcionar no Reino Unido na maioria dos dias do ano.

No entanto, o encerramento oficial de escolas e infantários deixa crianças sem aulas e cria problemas aos pais, pelo que muitas empresas optaram por encerrar o dia inteiro para permitir aos empregados acompanhar as cerimónias fúnebres.

Segundo o economista Samuel Tombs, da consultora Pantheon Macroeconomics, o resultado desta paralisação poderá resultar numa redução de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em Setembro, e Simon French, do banco de investimento Panmure Gordon, disse à revista Economist que o feriado poderá custar 2000 milhões de libras (2300 milhões de euros) em receitas perdidas.

Este impacto pode levar o Reino Unido à recessão técnica mais cedo do que estava previsto, numa economia que já está a dar sinais de crise pois só cresceu 0,2% em Julho.

O PIB já tinha caído 0,6% em Junho, um desempenho atribuído ao feriado adicional declarado para celebrar o Jubileu de Platina da rainha.

Em regra, considera-se que há uma recessão técnica quando o PIB regista variações negativas em cadeia durante um período de pelo menos dois trimestres consecutivos.

As cadeias de supermercados Sainsbury's, Morrisons, Aldi, Waitrose, Lidl, Asda, Iceland e Tesco confirmaram que vão fechar as grandes superfícies, mas vão abrir algumas lojas de conveniência nos centros das cidades a partir das 17h, após o final das cerimónias.

Entre os principais retalhistas, as lojas de mobiliário Ikea, informática Currys, artigos de casa Argos e B&Q e cadeias de vestuário Primark e Sports Direct, entre muitos outros comércios, também vão fechar portas.

Os cinemas Odeon e Cineworld não vão abrir, enquanto os Cinemas Vue, em vez de filmes, vão oferecer projecções do funeral gratuitamente, mas sem acompanhamento com pipocas.

Restaurantes e Greggs e como McDonald’s também vão encerrar ou operar com horários reduzidos, mas, pelo contrário, espera-se que a maioria dos ‘pubs’ esteja aberta.

O grupo Fullers planeia abrir a maioria dos cerca de 400 bares em todo o país para “providenciar um local onde as pessoas possam juntar-se e mostrar respeito” pela rainha, enquanto o Wetherspoons vai esperar pelas 13h, excepto em Londres, onde vai funcionar normalmente.

O feriado também vai afectar a distribuição do correio e consultas e operações em centros médicos e hospitais, resultando no cancelamento de operações de rotina.

O PIB já tinha caído 0,6% em Junho, porém nem todos os sectores estão a perder, pois os transportes na área de Londres recuperaram algum do movimento perdido durante a pandemia covid-19 e a venda de flores também disparou graças às milhares de pessoas que se têm deslocado ao Palácio de Buckingham para prestar homenagem.

Com o crescimento económico a abrandar, o Banco de Inglaterra previu em Agosto que o país poderia entrar em recessão no último trimestre deste ano (Outubro a Dezembro). “O último aumento nos preços do gás levou a uma nova deterioração significativa das perspectivas da actividade económica no Reino Unido e no resto da Europa”, referia o banco central em Agosto, apontando para uma deterioração do rendimento real das famílias neste ano e no próximo.

Isabel II morreu a 8 de Setembro aos 96 anos no Castelo de Balmoral, na Escócia, após mais de 70 anos no trono, o mais longo reinado da história do Reino Unido, e o corpo encontra-se em câmara ardente no edifício do parlamento britânico, em Londres, até segunda-feira.

Um funeral de Estado com a presença de dezenas de chefes de Estado e de governo internacionais terá lugar na segunda-feira na Abadia de Westminster, em Londres.

A urna com o corpo da rainha será finalmente sepultada durante um evento privado reservado à família, num jazigo no Castelo de Windsor onde se encontram os restos mortais dos pais e da irmã, e para onde será transferido o caixão do marido, príncipe Filipe, que morreu aos 99 anos em 2021.