Comissão recomenda ao Governo concentração de urgências e bloco de partos

A proposta faz parte do relatório de revisão da rede de urgências de obstetrícia e blocos de parto.

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Proposta não implica o encerramento de maternidades, diz coordenador da comissão Manuel Roberto

A concentração de urgências e blocos de partos é uma das propostas do documento que a comissão de acompanhamento de resposta em urgência de Ginecologia/ Obstetrícia vai entregar no sábado ao Governo, disse esta quinta-feira à Lusa o seu coordenador.

A possibilidade de haver a junção de alguns serviços com a concentração das urgências de obstetrícia e ginecologia e blocos de partos foi acordada na quarta-feira numa reunião da Comissão de Acompanhamento de Resposta em Urgência de Ginecologia, Obstetrícia e Bloco de Parto, adiantou Diogo Ayres de Campos.

O coordenador explicou que esta proposta não implica o encerramento de maternidades: “Pode na mesma funcionar em determinado hospital consultas e internamento, mas a urgência e o bloco de partos desse hospital será num hospital ao lado”.

A proposta faz parte do relatório de revisão da rede de urgências de obstetrícia e blocos de parto, cujos “aspectos principais” ficaram concluídos na quarta-feira à noite na reunião da comissão constituída por seis elementos, designadamente o coordenador nacional e outros cinco clínicos em representação de cada região do país.

A proposta faz parte do relatório de revisão da rede de urgências de obstetrícia e blocos de parto

“Ficaram apenas alguns aspectos de edição para terminar até sexta-feira à meia-noite”, disse, acrescentando que vai estar pronto para entregar no sábado ao Ministério da Saúde.

O documento resultou de vários estudos feitos pela comissão e do levantamento da situação actual nesta área, disse, referindo como a situação “mais gritante” deste levantamento “a ausência de médicos e enfermeiros especialistas nalguns hospitais do SNS”.

Segundo o especialista, a situação é mais grave nos hospitais do interior de Portugal, distanciados dos grandes centros, mas também nalguns hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo, em todos os hospitais com maternidade no Alentejo e também nos do Algarve.

“Nalguns hospitais a falta de médicos é aflitiva. Noutros, a situação está mais equilibrada e é possível manter toda actividade”, mas sobretudo há “uma assimetria enorme” nos hospitais destas regiões em que “a situação é muito preocupante”.

Diogo Ayres de Campos adiantou que existem cerca de 800 especialistas em obstetrícia e ginecologia em Portugal continental no Serviço Nacional de Saúde, sendo necessários mais cerca de 200.

“Este levantamento foi feito com base em dados de Julho deste ano e, entretanto, já saíram alguns médicos sobretudo da região de Lisboa e Vale do Tejo”, revelou, adiantando que estes números de especialistas necessários também têm em consideração a perda nos próximos tempos de alguns médicos do SNS para a medicina privada.

Questionado se o documento contém propostas para atrair médicos para o SNS, Diogo Ayres de Campos disse que existem algumas propostas genéricas, porque é um assunto entre o Governo e os sindicatos.

A comissão de Acompanhamento foi criada em Junho pela ex-ministra da Saúde Marta Temido, na sequência de encerramentos temporários de serviços de urgência de obstetrícia e ginecologia e bloco de partos de vários pontos do país devido à dificuldade dos hospitais em completarem as escalas de serviço de médicos especialistas.