Com unidades russas a fugir “em pânico”, Kiev vê o caminho para a vitória

Relatório britânico fala em retirada desordenada das forças russas. Zelensky já vê “os contornos da restauração da integridade territorial” da Ucrânia.

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Volodymyr Zelensky com Ursula von der Leyen, no encontro desta quinta-feira em Kiev EPA/SERGEY DOLZHENKO

A importante reconquista de território controlado pela Rússia no Nordeste do país, que deu novo alento à Ucrânia, começou a perder intensidade nos últimos dois dias mas, em Kiev, mantém-se a esperança de que a guerra pode ser ganha, numa altura em que há relatos de que há unidades russas a fugir em pânico.

Nesta quinta-feira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, partilhou várias imagens na rede Telegram de bandeiras ucranianas hasteadas em territórios recentemente conquistados às forças russas. Zelensky aproveitou a publicação para dar motivação às forças ucranianas, incitando os soldados a continuarem a luta.

“O caminho para a recuperação de todos os nossos territórios é cada vez mais claro. Vemos os contornos da restauração da integridade territorial do nosso Estado. Sabemos que este é um caminho difícil, mas é possível de percorrer. Estamos a fazer justamente isso”, escreveu o Presidente ucraniano.

Ao longo dos últimos dias, as forças ucranianas tem vindo a reconquistar várias cidades tomadas pelos russos na região de Kharkiv, a que se juntam alguns avanços na província de Lugansk e na região de Kherson.

As mais recentes avaliações do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) mostram bastantes ganhos para o lado ucraniano mas também fortes contra-ataques por parte dos russos. O ISW confirmou que, na região de Kharkiv, as forças ucranianas reconquistaram nos últimos dias Sviatohirsk, a sul de Izium, e Bilohorivka, na região de Lugansk.

Enquanto isso, as forças russas alegaram ter capturado Mykolaivka, a sul de Lysychansk e afirmam ainda o controlo da vila de Oskil, apesar de terem recuado para além do rio com o mesmo nome, na passada terça-feira. Segundo o relatório diário do Ministério da Defesa britânico, algumas unidades russas “fugiram em pânico” durante a retirada da região de Kharkiv

“As forças russas retiraram-se, em grande parte, da área a oeste do rio Oskil. A forma como se retiraram variou. Algumas unidades recuaram de forma ordenada, enquanto outras fugiram em aparente pânico. Equipamentos de alto valor abandonados pelas forças russas em retirada são a prova desta desordem. Incluíam armamento essencial para permitir o estilo de guerra centrado na artilharia da Rússia. Tal abandono destaca a retirada desorganizada de algumas unidades russas e provavelmente falhas localizadas no comando e no controlo”, pode ler-se na publicação do Ministério da Defesa britânico no Twitter.

Na região de Kherson, uma das principais frentes da guerra, os ucranianos terão conseguido avançar para as localidades de Mala Seiemminukha e Novohredneve, a norte de Nova Kakhovka. O analista Michael Clarke, citado pela Sky News, afirma que esta região tem sido alvo de grandes reconquistas por parte da Ucrânia. As forças ucranianas afirmam ter libertado Oleksandrivka, na terça-feira, e Kyselivka, na quarta-feira, localidades situadas nos arredores da cidade de Kherson.

A resposta de Moscovo à perda de território tem sido feita, invariavelmente, através de bombardeamentos de artilharia pesada. Nesta quinta-feira, a cidade ucraniana de Kryvyi Rih, terra natal de Zelensky, sofreu inundações extensas após a barragem local ter sido atingida por mísseis russos. De acordo com as informações divulgadas pelo responsável militar Oleksandr Vilkul, no Telegram, e citadas pelo jornal britânico The Guardian, foram afectadas 112 casas nesta região.

Os trabalhos de reparação da barragem permitiram entretanto baixar o nível das águas. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmitro Kuleba, considerou o ataque como “um crime de guerra e um acto de terror”.

“Os cobardes russos estão em guerra com as nossas infra-estruturas básicas e com os civis. A Rússia é um estado terrorista e deve ser reconhecida como tal”, acrescentou Kuleba.

Ursula von der Leyen em Kiev

Ao mesmo tempo que o Presidente russo, Vladimir Putin, conversava com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, no Uzbequistão, a presidente de Comissão Europeia encontrou-se com Volodymyr Zelensky em Kiev, prometendo que a União Europeia irá ajudar a Ucrânia a enfrentar a Rússia durante “o tempo que for preciso”.

Na capital ucraniana, onde foi condecorada por Zelensky, a líder da UE disse estar impressionada com “a bravura” das forças ucranianas na frente de guerra e confirmou a ajuda financeira de 5 mil milhões de euros a Kiev proposta pela Comissão no início de Setembro.

“Terá os seus amigos europeus ao seu lado durante o tempo que for necessário. Somos amigos para sempre”, afirmou no encontro.

“A questão prioritária para nós é a integração da Ucrânia no mercado comum da UE, já que estamos a caminho do estatuto de membro da UE”, disse por sua vez Volodymyr Zelensky durante a conferência de imprensa conjunta com a presidente da Comissão Europeia.

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