“Ainda estamos longe da paz”, diz Guterres após telefonema com Putin
Durante a conversa, o líder da ONU discutiu uma futura investigação da ONU sobre os prisioneiros de guerra ucranianos, a central nuclear ucraniana de Zaporijjia, e uma extensão do acordo para exportação de cereais.
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A possibilidade de um acordo de paz na Ucrânia permanece muito distante, admitiu esta quarta-feira o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, após uma conversa telefónica com o Presidente russo, Vladimir Putin.
“Ainda estamos longe de um acordo de paz”, reconheceu Guterres em declarações à imprensa, na sede da ONU em Nova Iorque. “Estaria a mentir se dissesse que isso [um acordo de paz] vai acontecer rapidamente”, continuou.
De acordo com o secretário-geral da ONU, as probabilidades de um cessar-fogo “são mínimas”, frisando, no entanto, que continuará a perseguir esse objectivo.
Durante a conversa por telefone com Putin, o líder da ONU discutiu a situação na Ucrânia e abordou as possibilidades de estender o acordo para exportação de cereais pelo mar Negro, bem como formas para facilitar as vendas de fertilizantes russos e a questão da central nuclear ucraniana de Zaporijjia.
Guterres informou que a ONU está a tentar mediar as conversações para que as exportações russas de amoníaco pelo mar Negro sejam retomadas, com uma extensão do acordo internacional que permitiu o desbloqueio de portos ucranianos para libertar milhões de toneladas de cereais daquele país.
O amoníaco é amplamente utilizado no desenvolvimento de fertilizantes e a Rússia é um dos principais produtores mundiais de fertilizantes, mas as vendas foram reduzidas de forma significativa desde a invasão russa da Ucrânia, com Moscovo a denunciar a existência de muitos obstáculos.
Embora os Estados Unidos e a União Europeia tenham clarificado que as suas sanções não afectam alimentos e fertilizantes russos, por enquanto muitas empresas privadas estão relutantes em estar envolvidas em tais operações, segundo fontes da ONU.
Putin não vai impedir investigações
Guterres e Putin abordaram ainda a situação dos prisioneiros de guerra e a missão que a ONU quer enviar para investigar o ataque contra uma prisão em Olenivka, na Ucrânia, onde morreram 50 prisioneiros ucranianos, cuja autoria é alvo de acusações cruzadas entre Moscovo e Kiev.
De acordo com Guterres, a Rússia prometeu não colocar nenhum obstáculo aos investigadores da ONU e permitirá que estes realizem o seu trabalho.
O conflito na Ucrânia será tema de destaque entre os líderes internacionais que estarão na próxima semana em Nova Iorque para participarem nas reuniões anuais da Assembleia Geral da ONU, embora Guterres tenha destacado a importância de lidar com outras crises, como a alimentar e a climática.
“O Debate Geral deste ano deve ser sobre dar esperança. Essa esperança só pode vir através do diálogo e do debate que são o coração pulsante das Nações Unidas”, concluiu António Guterres.