Ajudados por um arqueólogo, agricultores do Peru reconstruíram uma velha barragem feita de pedra com três metros de altura. Agora, com a barragem terminada, 300 vizinhos do distrito de Pamparomas estão à espera do início da estação das chuvas para a ver prender a água.
No ano passado, Guillermo Palmadera, o presidente da câmara de uma zona remota dos Andes do Peru, estava cada vez mais preocupado que uma estação seca severa pudesse estragar as colheitas de cevada, alfafa e tubérculos locais do seu distrito.
Os Andes têm uma estação seca anual entre Maio e Setembro, mas os agricultores do seu distrito de Pamparomas (na província de Huaylas, na região de Ancash, no Peru) dizem que as chuvas têm sido particularmente escassas nos últimos dois anos, no meio de uma mudança climática global causada pelo homem que está a exacerbar os padrões climáticos extremos.
Uma estação seca prolongada tem um custo elevado. Manter o solo fértil durante mais de metade do ano prejudica os rendimentos das famílias e influencia o que podem comer. Palmadera encontrou uma solução não com um engenheiro, mas com um arqueólogo, que estava a vigiar pedaços de um velho muro de pedra encontrado nos terrenos deste distrito.
Kevin Lane, arqueólogo da Universidade de Buenos Aires, tinha identificado 18 barragens abandonadas construídas em Pamparomas antes da colonização espanhola das Américas. Lane propôs a remodelação de uma antiga barragem.
“O problema da escassez de água não é novo no Peru”, constata Lane. A escassez de água está tão interligada com a história andina, acrescentou ele, que acredita que no passado foram ali travadas as guerras da água.
“É muito seco, tivemos poucas chuvas nos últimos dois, três anos”, queixa-se Damian Quiroz, agricultor e pai de oito filhos em Pamparomas.
Assim, com o apoio financeiro da Fundação Gerda Henkel, da Alemanha, Lane e os agricultores locais construíram uma barragem de três metros de altura em cima de restos velhos 4600 metros acima do nível do mar, utilizando pedras, argila e materiais modernos, como o geotêxtil.
Estes são fáceis de substituir numa área propícia a terramotos e grandes variações de temperatura que podem rachar outros materiais como o betão. A reabilitação custou 100.000 dólares, enquanto estimam que a construção de uma barragem de betão poderia ter custado 1 milhão de dólares.
Com a barragem terminada, 300 vizinhos do distrito de Pamparomas estão à espera do início da estação das chuvas. Esperam recolher 15.000 metros cúbicos de água. “Estamos muito impacientes”, disse Quiroz. “Com a água, vamos alimentar algumas vacas, para fazer queijo, e criar porquinhos-da-índia para nós e, esperemos, para vender.”