Christiane Jatahy está de volta a Lisboa para nos colocar perante "uma impressionante travessia" entre a Palestina e o Brasil, a partir do exemplo de Ulisses narrado por Homero.
No Teatro São Luiz, de 14 a 18 de Setembro, vai ser possível ver a segunda parte do seu díptico A Nossa Odisseia.
Depois de neste teatro ter apresentado Ítaca – A Nossa Odisseia I, a encenadora brasileira regressa agora com O Agora Que Demora -A Nossa Odisseia II.
A encenadora, realizadora brasileira e Artista na Cidade em 2018 considera que "todos somos ou temos na nossa genealogia histórias de Ulisses e Penélopes, narrativas de migrações e procuras por vidas em lugares menos desesperançados", como escreve o jornalista Gonçalo Frota que conversou com aquela que é uma das mais relevantes artistas do teatro contemporâneo.
"Os refugiados não são pessoas que estão longe da nossa história", afirma Jatahy. Lá atrás, muitos dos nossos antepassados foram Ulisses ou refugiados", o que ajuda a enquadrar essa ideia maior que percorre os dois momentos de A Nossa Odisseia como tentativas teatrais de "olhar o outro que está agora nessa situação não como ameaça, mas como alguém que quer construir a sua história", lê-se no tema de capa do Ípsilon desta semana.
"Para a artista brasileira, mais do que uma peça política, de que é muitas vezes apelidada, O Agora Que Demora é sobretudo uma criação ‘humanista’, defensora de que ‘só se adquire a condição humana quando se tem liberdades e direitos’".
Ontem, no Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, em Lisboa, inaugurou-se Sarah Maldoror: Cinema Tricontinental. Uma exposição de imagens, documentos e obras de três artistas que transmite uma herança que ainda não se esgotou.
O jornalista e crítico José Marmeleira falou com o curador François Piron e com Annouchka Maldoror, uma das filhas de Sarah Maldoror a propósito desta exposição que é uma variação daquela que esteve no Palais Tokyo, em Paris.
"O seu trabalho tem sido muito pensado enquanto acto político, mas o que o torna tão especial é o seu compromisso poético. Nunca desistiu dele. A literatura e a poesia foram essenciais para a sua actividade enquanto cineasta. Usou a ficção de autores como Luandino Vieira e Aimé Césair e adaptou Jean Genet ao teatro", explica François Piron no Ípsilon.
"Existe uma outra forma de pensar a arte. Uma forma que não é exclusiva nem dogmática, como estamos habituados a considerá-la, mas que envolve artistas, disciplinas, técnicas, temas, práticas e tempos que não estaríamos habituados a incluir nesta designação. Em Veneza, mudam-se estas e outras ideias feitas", é o que nos diz a crítica de artes plásticas Luísa Soares de Oliveira no Ípsilon num longo trabalho dedicado à Bienal de Arte de Veneza deste ano em que Portugal participa com o trabalho de Pedro Neves Marques.
Mário Lopes escreve sobre a banda de culto neozelandesa Tall Dwarfs e Nuno Pacheco sobre o regresso de Filipa Pais.
José Riço Direitinho entrevistou o autor catalão Miqui Otero para quem "a literatura é tudo o que acontece quando parece não acontecer nada". No seu mais recente romance, Simón, faz "um retrato luminoso e poliédrico de um certo desencanto", escreve o crítico literário do Ípsilon.
Além das crónicas habituais de António Guerreiro e Ana Cristina Leonardo, o Ípsilon desta semana conta com artigos de opinião do crítico de cinema António Roma Torres e da directora do Museu de Arte Contemporânea Emília Ferreira.
Na próxima terça-feira acontece o Encontro de Leituras, o clube de leitura do PÚBLICO e da Folha de São Paulo. A nossa convidada é a escritora brasileira, Prémio José Saramago. Vamos conversar sobre o romance A Pediatra. Estão todos convidados. O encontro acontece às 22h (em Lisboa) e 18h (em Brasília).
Quem quiser receber informações sobre estes encontros pode fazê-lo através do email encontrodeleituras@publico.pt
Hoje foi publicado o podcast da sessão de Agosto em que a convidada foi a escritora Dulce Maria Cardoso.
As sessões anteriores podem ser ouvidas aqui.
Até para a semana.