Vais para a universidade? Estas dicas de estudantes ajudam-te a poupar

Dos livros às saídas à noite, antigos estudantes universitários deixam dicas de poupança para quem está prestes a entrar no ensino superior.

Foto
Dos livros às saídas à noite, guia de poupança para jovens universitários StockSnap/Pixabay

A poucos dias do regresso às aulas, há uma palavra de ordem para muitos jovens universitários: poupar. Se nos últimos dois anos a crise provocada pela pandemia de covid-19 já dificultava a bolsa de muitos alunos, a subida dos preços veio agravar ainda mais a gestão de orçamentos. Por vezes, parece impossível que o dinheiro chegue ao fim do mês.

João Jesus, Helena Menezes e Mafalda Rocha já sabem como as contas funcionam. Estudam em universidades diferentes, mas têm em comum o facto de serem estudantes deslocados — e de terem de gerir muito bem as bolsas de estudo e o dinheiro que recebem dos pais. João, por exemplo, recebe uma bolsa mensal de 87,20 euros, que cobre o custo do quarto na residência (70 euros) no Porto e parte do valor da propina que, neste momento, está nos 69,70 euros.

Entre os valores das rendas, alimentação e transporte, sobra pouco ou mesmo muito pouco – para se darem ao privilégio de terem “um dia descontraído”, irem ao cinema ou pensarem em comprar alguma coisa nova, começa por explicar Mafalda Rocha, de 21 anos, no 3º ano de Medicina na Nova Medical School, em Lisboa.

Depois de pagarem todas as contas, sobram, em média, 20 euros e o que os pais conseguirem dar por semana. Dizem que nunca faltou dinheiro para o essencial, mas avisam que tudo isto se reflecte na vida social. Na grande maioria das vezes, sair à noite está fora de questão, razão que os leva a ter de recusar convites para aniversários ou festas académicas.

Foto
João, 19 anos, frequenta o curso de Ciências da Comunicação João Jesus

Ainda assim, reconhecem que ter pouco dinheiro ajudou-os a perceber a importância de saberem gerir e rentabilizarem o que têm. E, por isso, partilham algumas dicas úteis para quem está prestes a entrar na universidade.

Não comprar livros

Além do alojamento, grande parte do orçamento mensal de um universitário é destinado à compra de materiais escolares, nomeadamente os livros.

No primeiro ano do curso de Medicina, Mafalda chegou a comprar alguns, mas depressa percebeu que não valia a pena. “É um balúrdio. Cada livro são 100 euros”, conta a jovem. Por isso, e mesmo para os cursos que têm bibliografia obrigatória, a primeira dica é não comprar.

Regra geral, as bibliotecas das universidades têm a bibliografia obrigatória disponível para ser reservada e há professores que disponibilizam documentos de auxílio ao estudo.

Pedir emprestado a estudantes mais velhos

No caso de o livro ser indispensável para a disciplina e ser necessário ao longo de todo o semestre, “a coisa mais importante é falar com os alunos mais velhos”, aponta João Jesus, de 19 anos.

Foto
Mafalda, 21 anos, está no 3º ano de Medicina na Nova Medical School, em Lisboa Mafalda Rocha

No caso do estudante de Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), os livros são apenas um complemento às disciplinas mais teóricas. Mas para quem os quiser ter há sempre um antigo aluno que comprou e que não se importa de emprestar ou até mesmo vender, por um preço mais barato do que o original.

Dividir o preço com amigos

Para quem não conseguir encontrar um livro em segunda mão, Helena Menezes, de 19 anos, deixa outra alternativa: comprar os livros em conjunto com os colegas. “É sempre uma boa opção organizarem-se em grupos e, por exemplo, se são cinco livros, cada uma das pessoas pode comprar um e depois vão trocando entre todos”, sugere. Estudar em grupo e partilhar os materiais que cada um tem também ajuda, completa a estudante de Ciências da Comunicação da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Outra das alternativas é comprar em sites de segunda mão, como o Trade Stories, OLX, Vinted, Vocart ou grupos de troca e venda do Facebook.

Fazer resumos

Livros à parte, os estudantes consideram também fundamental fazer resumos. A par disto, há cursos com repositórios de resumos online criados por antigos estudantes que facilitam a vida aos mais novos.

Levar almoço de casa

“A alimentação é onde vejo os meus colegas a gastarem muito dinheiro”, conta Helena. Para a jovem, comer fora, mesmo que seja no bar ou cantina da escola, está fora de questão. É um exemplo que poderia ser seguido por mais pessoas, sugere.

A solução é levar o almoço, e no caso de quem estiver a partilhar casa, cozinhar para todos. “Não é que não gastemos nada, porque gastamos sempre comida e gás para fazer a refeição, mas acaba por ser mais barato”, garante.

Trazer refeições de casa dos pais

Para os estudantes que têm a possibilidade de visitarem a família ao fim-de-semana, outra forma de poupar é trazer comida de casa para a semana inteira. Helena conta que, quando vai a casa, traz refeições suficientes para uma semana. “Acabo por poupar cerca de 70 euros por mês. Por vezes até mais do que isso.” Além disso, também evita idas ao supermercado com frequência.

Foto
Helena, 19 anos, a estudar Ciências da Comunicação na UTAD Helena Menezes

Escolher alimentos mais versáteis

Já Mafalda, que não consegue fazer viagens entre Lisboa e o Porto todos os fins-de-semana, opta por ser selectiva no supermercado. Apesar de ser “um pouco desorganizada”, aprendeu a comparar preços e perceber quais são os alimentos que podem ser utilizados para um maior número de pratos.

“Os legumes, apesar de serem caros, não são assim tão caros. Ter sopa no frigorífico é sempre útil”, revela.

Trabalhar nos tempos livres

Viver “com o dinheiro contado” não significa que não possam usufruir de uma vida social. Talvez não seja possível ir a todas as festas, jantares de curso ou simplesmente sair à noite todas as semanas, mas, no caso dos três jovens, sobra sempre algum dinheiro.

Ainda assim, se o objectivo for aceitar todos os convites dos amigos, trabalhar nos tempos livres como no fim-de-semana ou no Verão ajuda.

Mesmo com a agenda preenchida, Helena trabalha aos sábados na área da restauração. João, por outro lado, trabalha durante o Verão num bar de praia. “Em dois meses de Verão consigo pelo menos 50 euros em gorjetas. E depois o dinheiro que os meus pais me vão dando, dez ou 20 euros aqui ou ali. Acumulo sempre no Verão para depois gastar na faculdade”, partilha.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários