A Garota Não: “Neste bairro vivi tantas coisas. De um trapo inventávamos o mundo. Isso continua a guiar-me”
Cátia Oliveira, mais conhecida como A Garota Não, lançou um álbum que é uma revisitação sentida ao bairro de Setúbal onde cresceu para a vida, a humanidade, a música e uma certa poesia. “Uma poesia de sobreviventes, de quem passa muito mas se mantém inteiro e digno”, diz-nos ela no bairro 2 de Abril, onde a fomos encontrar.
Não é desconhecida. Lançou dois álbuns. Passa em algumas rádios. Dá concertos. Ela própria diz que está a fazer o seu percurso sem pressas. Mas a música de Cátia Oliveira, mais conhecida como A Garota Não, merecia mais nesta altura. O seu último álbum, 2 de Abril, é das coisas mais conseguidas e inteiras do ano, expondo uma voz expressiva, um manejo das palavras pertinente como é raro ouvir-se, e uma música que, sem perder clareza, faz circular à sua volta inúmeros impulsos (folk, música portuguesa, brasileira, angolana, fraseados de hip-hop, motivos electrónicos). Tudo disposto com engenho e de maneira consistente.
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