}

Bruxelas quer “intervenção de emergência e reforma estrutural” na electricidade

Ursula von der Leyen defendeu hoje a necessidade de “acabar com a dependência de combustíveis fósseis russos sujos e perigosos”, assinalando que, nesta matéria, “o trabalho [da UE] está bem encaminhado”.

Foto
Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia EPA/STEPHANIE LECOCQ

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu esta segunda-feira uma “intervenção de emergência e uma reforma estrutural” no mercado da electricidade da União Europeia (UE), admitindo “as limitações” da configuração actual, exacerbadas pela crise.

“Os preços da electricidade em alta estão a expor as limitações da actual configuração do nosso mercado de electricidades, [que] foi desenvolvido para diferentes circunstâncias. É por isso que estamos agora a trabalhar numa intervenção de emergência e numa reforma estrutural do mercado da electricidade”, anunciou Ursula von der Leyen.

Discursando no Fórum Estratégico de Bled, na Eslovénia, a líder do executivo comunitário aludiu aos recentes apelos para reformular o mercado eléctrico comunitário, quando os preços da luz batem máximos, no contexto da crise energética e da guerra da Ucrânia.

Na actual configuração, o mercado grossista da UE é um sistema de preços marginais, pelo que os produtores de electricidade recebem o mesmo pela energia que vendem num dado momento, sendo que o valor final depende da fonte energética, com as renováveis a serem mais baratas do que os combustíveis fósseis.

Uma vez que a UE depende muito das importações de combustíveis fósseis, nomeadamente vindas da Rússia, o actual contexto geopolítico levou a preços voláteis na electricidade, além do gás.

No seu discurso, Ursula von der Leyen defendeu a necessidade de “acabar com a dependência de combustíveis fósseis russos sujos e perigosos”, assinalando que, nesta matéria, “o trabalho [da UE] está bem encaminhado”.

“Estamos a diversificar os nossos fornecedores à velocidade da luz: o fornecimento de gás a partir de fontes para além da Rússia aumentou em 31 mil milhões de metros cúbicos desde Janeiro deste ano. Isto compensa os cortes russos no fornecimento de gás à Europa”, precisou a responsável.

Além disso, “estamos também a cortar substancialmente a nossa necessidade de gás importado porque temos de nos preparar para uma potencial ruptura total do gás russo”, lembrou Ursula von der Leyen, aludindo à meta que entrou em vigor em 9 de Agosto, na UE, para reduzir voluntariamente 15% do consumo de gás até à Primavera de 2023, visando aumentar o armazenamento nos Estados-membros e criar uma ‘almofada’ perante eventual corte.

“E, em última análise, a melhor maneira de nos livrarmos dos combustíveis fósseis russos é acelerar a nossa transição para fontes de energia verdes. Cada quilowatt-hora de electricidades que a Europa gera de energia solar, eólica, hidroeléctrica, biomassa ou hidrogénio verde torna-nos menos dependentes do gás russo e, hoje em dia, o preço da energia solar e eólica é mais barato do que o dos combustíveis fósseis poluentes”, concluiu a líder do executivo comunitário.

E assegurou: “A era dos combustíveis fósseis russos na Europa está a chegar ao fim e, quando nos livrarmos da chantagem, teremos maior poder para defender regras globais”.

As tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afectado o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.