UNITA acredita na vitória, mesmo que a contagem paralela ainda não diga isso

Com 39,8% das actas apuradas, a contagem da oposição dá uma diferença curta entre os dois principais partidos, mas ainda com o MPLA à frente.

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O partido de Adalberto Costa Júnior venceu as províncias de Luanda, Cabinda e Zaire EPA/AMPE ROGERIO

A contagem paralela de votos da UNITA avança lentamente e se os seus dirigentes continuam convencidos que conseguiram ganhar as eleições de quarta-feira, os números que apresentaram esta quinta-feira ao final da tarde aos jornalistas ainda traziam o MPLA à frente, embora com uma vantagem de pouco mais de 1% para a UNITA.

Com 39,8% das actas síntese das assembleias de voto (onde consta o resultado somado de todas as mesas) apuradas, a contagem do partido de Adalberto Costa Júnior dava 47,99% ao MPLA contra 46,89% da UNITA e vitórias nas mesmas províncias que o apuramento oficial da Comissão Nacional Eleitoral lhes atribui: Luanda, Cabinda e Zaire.

“Estes valores que que estamos a obter à nossa velocidade vão fazer com que, no global, a nossa percentagem suba”, afirmou ao PÚBLICO Anastácio Sicato, figura histórica do partido do Galo Negro. Se será suficiente para lhes dar a vitória, o dirigente da UNITA diz que sim: “São as indicações que temos até este momento, vamos dar tempo ao tempo, daqui a mais dois dias teremos os resultados.”

A compilação de dados da UNITA não conseguiu acompanhar o ritmo da contagem oficial que este ano acelerou face a outras disputas eleitorais, com a CNE a anunciar os resultados oficiais provisórios na noite desta quinta-feira, dando a vitória ao MPLA com 51,07% dos votos contra 44,05%.

“A questão é que temos de andar com as armas que temos. Tivemos muita dificuldade em obter as actas das assembleias de voto. Conhece a dimensão deste país”, justificou o dirigente. “O que não queremos é fabricar actas. Não, as actas que estamos a dar são mesmo verdadeiras”, acrescentou.

Anastácio Sicato admitiu que o seu partido está preparado para aceitar a derrota, se assim for a conclusão a que chegarem no fim da sua contagem paralela – “as actas são as mesmas, o que é normal é que cheguemos aos mesmos resultados”.

“Não deveríamos aceitar os resultados, porque houve muitas irregularidades, um presidente da CNE ilegítimo, listas manipuladas, pessoas que foram apanhadas a votar duas vezes, mas, apesar de tudo isso, estamos com uma atitude positiva”, disse.

Mas a UNITA não baixou os braços, porque está convencida que a contagem em Luanda ainda pode trazer surpresas. “O resultado em Luanda é extraordinário” e “o que estamos a prever é que esse resultado possa compensar algumas áreas em que sabemos que vamos perder, e a partir daí consigamos ter uma vitória”, afirmou Sicato.

Mesmo que esse resultado não seja suficiente para garantir a vitória a nível nacional este ano, a UNITA conta com esta grande base eleitoral na província de Luanda – 62,59% a 33,31%, de acordo com a contagem oficial; 66,33% a 30,87 na contabilização do partido ainda preliminar do partido – para daqui a cinco anos chegar mesmo ao poder: “Estamos em crescendo desde 2008 e daqui até as próximas eleições não vamos ver essa tendência a inverter-se”.

“Sabemos que a nossa população assume uma postura a favor da liberdade e da democracia e já percebeu que esse Estado de partido único não favorece o desenvolvimento do país. Com isto tudo, pensamos que no futuro, o MPLA, a ganhar nestas condições, vai ter dificuldades em se manter no poder por muito mais tempo”, concluiu.

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