Sondagem divulgada pela Televisão Pública de Angola dá vitória ao MPLA com 53,6%
Os números indicados pela sondagem apontam para uma subida da UNITA, mas para a probabilidade de o MPLA manter a maioria.
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Uma sondagem sobre a intenção de voto dos angolanos divulgada esta quarta-feira à noite pela Televisão Pública de Angola (TPA), e realizada pelo instituto Sigma Dos, aponta que o MPLA pode vencer as eleições com 53,6%. Em segundo lugar, ficaria a UNITA com 42,4% e em terceiro a coligação CASA-CE com 1,7%.
Os números indicados pela sondagem apontam para uma subida da UNITA, que nas últimas eleições teve 26,7%, e uma descida do MPLA, dos 61,1% que obteve em 2017.
Com base nestes resultados, o MPLA elegeria entre 122 e 130 deputados para os 220 lugares da Assembleia Nacional. Já o principal partido da oposição elegeria entre 85 a 93 parlamentares. CASA-CE, Partido Humanista e PRS poderão também eleger deputados.
A sondagem contou com 6967 inquiridos, em entrevistas telefónicas e presenciais, entre 30 de Junho e 21 de Agosto.
As quintas eleições gerais em Angola realizaram-se esta quarta-feira e a sondagem confirma que perpetuam a disputa entre os dois principais partidos do país, o MPLA (no Governo) e a UNITA. João Lourenço, actual Presidente, tenta um segundo mandato e tem como principal adversário Adalberto Costa Júnior. No total, concorrem oito formações políticas.
Pelas 21h, o porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral, Lucas Quilundo, afirmou que “não recebeu, de forma oficial, qualquer referência a irregularidades relativas” ao processo eleitoral.
Este responsável disse ainda desconhecer informações divulgadas nas redes sociais sobre prisões de delegados de listas e alegados impedimentos de exercício das funções de forças políticas da oposição. “Se isto tiver ocorrido, é provável que tenha sido no âmbito do exercício das funções próprias dos órgãos que têm a responsabilidade da manutenção da ordem”, sugeriu.
Já em Portugal, o vice-cônsul e representante da Comissão Eleitoral de Angola, Carlos Santos, admitiu a existência de alguns problemas técnicos na votação: dos 80 mil angolanos residentes no país, menos de 10% estavam inscritos para votar e, desses, nem todos conseguiram fazê-lo. “É verdade que alguns problemas surgiram do ponto de vista técnico, mas são coisas que não se podem mudar. A tecnologia pode falhar em algum momento, mas as falhas que se verificaram em nada comprometem o processo”, defendeu, em declarações à SIC Notícias.
Questionado sobre as queixas de alguns angolanos que, apesar de registados para votar em Portugal, receberam a informação de que só poderiam votar em Angola, o vice-cônsul responsabiliza os eleitores: “Houve um período de reclamações onde os utentes podiam apresentá-las. Esse período não foi cumprido ou aproveitado”.
Enquanto se aguarda pelo anúncio oficial de resultados, tanto a UNITA como o MPLA estão a usar as redes sociais para divulgar uma suposta vantagem. No caso da formação no poder, do Presidente João Lourenço, isso acontece através das páginas oficiais do partido, onde se publicam imagens de actas resumo de diferentes assembleias de voto, que “comprovam que o MPLA mantém uma distância confortável em relação aos seus opositores”. Em relação à UNITA, de Adalberto Costa Júnior, são vários os apoiantes conhecidos a comentar o bom resultado que teria obtido. Tchizé e Isabel dos Santos, filhas do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, são duas das figuras conhecidas a fazê-lo: a primeira diz que o opositor “está a dar surra” a João Lourenço; a segunda questiona a sondagem da TPA.