Político russo detido por criticar invasão da Ucrânia

Yevgeny Roizman é o mais recente opositor russo a ser detido por se referir à dita “operação militar especial” como “invasão da Ucrânia”. Está a ser investigado por desacreditar o exército russo.

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Autoridades ficam de guarda à porta do fundo de caridade de Roizman, em Yekaterinburg, depois da sua detenção Reuters/STRINGER

O político da oposição russa Yevgeny Roizman foi detido em sua casa esta terça-feira. É mais um alvo das autoridades decididas a punir os críticos da guerra na Ucrânia, nomeadamente aqueles que se referem à “operação militar especial”, como a Rússia descreve o conflito, como “guerra” ou “invasão”.

Vídeos divulgados nas redes sociais do momento da detenção mostram Roizman, antigo presidente da câmara da cidade de Yekaterinburg, nos Urais, a ser levado por polícias russos.

Nas imagens, o político diz aos jornalistas que estava a ser investigado ao abrigo da lei que pune o descrédito das forças armadas. Revelou que estava a ser preso “basicamente por ter usado uma frase” - “a invasão da Ucrânia”. Questionado sobre onde havia dito isso, respondeu: “Já disse isso em todos os lugares e continuo a afirmá-lo, sem qualquer problema”.

A agência de notícias estatal TASS citou os serviços de segurança de Yekaterinburg que confirmam o motivo da detenção de Roizman, afirmando que o político está sob investigação por “desacreditar o exército russo”.

Este delito, recentemente introduzido após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a 24 de Fevereiro, acarreta uma pena de prisão de até cinco anos. A Rússia designa as suas acções na Ucrânia como “operação militar especial” e os que falaram em “guerra” ou “invasão” estão sujeitos a multas ou detenções.

Roizman, um defensor declarado do crítico do Kremlin Alexei Navalny, tornou-se uma das figuras da oposição mais proeminentes da Rússia em 2013, depois de ter sido eleito presidente da câmara de Yekaterinburg, a quarta maior cidade da Rússia. Foi a primeira de uma série de vitórias da oposição que capitalizou o descontentamento com o regresso de Vladimir Putin à presidência, em 2012 (depois de ter ocupado o cargo de primeiro-ministro).

Dmitry Gudkov, ex-membro da oposição da Duma, escreveu no Telegram que a prisão de Roizman é “uma vingança por dizer a verdade sobre uma guerra que já dura há meio ano”.