Calor causa perda de gelo “sem precedentes” em Svalbard, na Noruega
Ao longo deste Verão, a diferença entre a acumulação e a perda de gelo em Svalbard chegou aos 400 milímetros negativos. É um número “cerca de cinco vezes maior do que os valores de referência”, alerta o programa europeu Copérnico.
As temperaturas altas que persistem na Europa desde o início do Verão estão a afectar o arquipélago norueguês de Svalbard, que é, de todos os locais permanentemente habitados do planeta, o mais próximo do Pólo Norte. Segundo um laboratório de climatologia da Universidade de Liège, na Bélgica, as temperaturas em Svalbard estiveram, entre Junho e Agosto, dois a três graus acima dos valores de referência (que são a média da temperatura para a mesma altura do ano, no período 1981-2010).
Ao longo do Verão, o saldo da massa de gelo (cálculo da diferença entre a acumulação e a perda de gelo) chegou ainda aos 400 milímetros negativos, o que dá conta de uma perda de gelo muito acentuada. Este é um número “anómalo e sem precedentes”, “cerca de cinco vezes maior do que os valores de referência”, alerta o programa Copérnico, a missão da União Europeia para a observação da Terra.
É de um dos satélites do Copérnico que são estas imagens, ilustrativas da forma como a calota de gelo da ilha desabitada de Edgeøya, na zona Sul de Svalbard, está a ficar mais frágil. A imagem da esquerda foi recolhida a 28 de Agosto do ano passado, enquanto a da direita foi obtida a 20 de Agosto deste ano (ou seja, no último sábado). É notório o escurecimento das manchas brancas; esse escurecimento é o resultado de uma perda de gelo significativa. “As camadas mais antigas da calota de gelo foram expostas à luz solar, tendo sido sujeitas a um fenómeno de derretimento rápido”, explica o Copérnico.
Em Julho, foram batidos recordes de temperaturas em Svalbard: num mês em que, segundo o Instituto Meteorológico da Noruega, a temperatura média não costuma ir além dos nove graus, os termómetros chegaram aos 21,7 graus Celsius.
Svalbard é banhado a Norte pelo oceano Árctico. Segundo um estudo recente, o Árctico aqueceu até quatro vezes mais depressa do que a média global nas últimas quatro décadas. A aceleração do aquecimento será mais pronunciada na área do mar de Barents, onde ficam não só Svalbard, como também o arquipélago de Novaya Zemlya, onde há bases militares russas.
Svalbard é o local onde foi construído o banco mundial de sementes, uma caixa-forte impenetrável que é conhecida como uma arca de Noé, pois visa preservar as espécies vegetais para o caso de acontecer alguma catástrofe — natural ou humana.