Filha de aliado de Putin morta em explosão de carro. Viatura terá sido armadilhada
Daria Dugina conduzia um automóvel que pertencia ao pai, o ideólogo russo Alexander Dugin. Autoridades russas dizem que o carro terá sido armadilhado.
A filha do ideólogo ultranacionalista russo Alexander Dugin, cientista político e mentor ideológico de Vladimir Putin, foi morta este sábado à noite, avançam investigadores estatais russos este domingo. O ataque terá sido levado a cabo com um carro armadilhado.
Dara Dugina terá sido morta devido à detonação de um engenho explosivo no automóvel que conduzia, cerca de 20 quilómetros a oeste de Moscovo, perto da vila de Bolshiye Vyazem.
A explosão aconteceu por volta das 21h30 (19h30 em Lisboa). O caso está a ser investigado pelas autoridades estatais como um crime de homicídio.
Testemunhas disseram que os destroços do veículo se espalharam por toda a estrada e que o carro já estava a ser consumido pelas chamas antes de embater numa vedação.
“Um dispositivo explosivo, alegadamente instalado no Toyota Land Cruiser, explodiu quando o carro seguia a toda a velocidade numa via pública, pegando depois fogo”, escreveu a comissão de investigação no relatório. “A condutora morreu no local. A identidade da falecida foi estabelecida: é a jornalista e cientista política Daria Dugina”.
De acordo com a agência estatal de notícias Tass, o carro pertenceria a Alexander Dugin. Andrei Krasnov, um amigo de Daria Dugina e líder do movimento social russo Horizonte, confirmou a informação e avançou que a armadilha podia ser para o pai.
“Era o carro do pai. Daria conduzia outro automóvel, mas hoje levou este, enquanto Alexander [Dugin] se deslocou de forma diferente. Depois voltou, estava no local da tragédia. Tanto quanto sei, Alexander era o alvo, ou provavelmente os dois juntos”, disse Krasnov.
Vários apoiantes do Kremlin já vieram acusar a Ucrânia pela explosão. Esta manhã, uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, disse que a investigação, caso aponte para a Ucrânia, será indicadora de uma política de “terrorismo de Estado” a ser levada a cabo por Kiev.
Mykhailo Podolyak, conselheiro do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, negou este domingo qualquer envolvimento da Ucrânia na morte de Darya Dugina, filha do ideólogo russo Alexander Dugin.
“Confirmo que a Ucrânia não teve nada a ver com isto, não somos um Estado criminoso como a Federação Russa, e não somos um Estado terrorista”, disse o conselheiro em declarações à televisão ucraniana.
Podolyak insinuou que a morte terá origem em lutas internas de poder entre “várias facções políticas russas”, sugerindo que o incidente foi uma vingança “karmica” – uma expressão já usada pelas autoridades ucranianas em outras ocasiões de ataques contra a Rússia – contra os apoiantes das acções russas na Ucrânia.
Alexander Dugin é um apoiante de longa data da ideia de unificação dos territórios falantes de língua russa, assim como a absorção de outros países para a formação de um novo império russo.
O ideólogo, que alguns dizem ter grande influência junto de Vladimir Putin, está na lista de personalidades sancionadas pelos Estados Unidos, assim como a filha, que entra na lista norte-americana e também na das autoridades britânicas, acusada de contribuir para a “desinformação” online a respeito da invasão russa – algo que a deixava orgulhosa, segundo disse numa entrevista em Maio.
Daria Dugina, que também era conhecida como Daria Platonova, teria 30 anos, de acordo com os meios de comunicação estatais russos. Apoiava amplamente as ideias do pai e apareceu várias vezes na televisão estatal para justificar e suportar as acções russas na Ucrânia.