No Douro já se vindima. “O atípico está a tornar-se normal”

A ideia de um Douro pintado de amarelos e laranjas e mergulhado na azáfama das vindimas de Setembro está a ser transformada pelas alterações do clima e também dos vinhos que por lá se produzem. Este ano, a colheita já arrancou em vários locais e há quem diga estar a fazer a vindima mais precoce de sempre, muito graças ao tempo extremamente quente e seco que marcou o ano e encolheu o tamanho dos bagos. A quebra de produção é certa, falta saber até onde irá.

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Vindimas em Agosto: já se apanha uva em várias quintas do Douro Patrícia Carvalho, Tiago Lopes

As tesouras movem-se rápidas e silenciosas nas mãos de Natalina Ribeiro, 56 anos. A cada movimento, há um novo cacho de uvas de um roxo escuro a deixar as videiras cheias de folhas verdes e a acabar num balde, antes de ser transferido para caixas marcadas com o nome da Real Companhia Velha, que serão, depois, levadas pelos trabalhadores para o tractor que as vai tirar dali. Na Quinta das Carvalhas, mesmo em frente à pequena mancha urbana do Pinhão, as vindimas arrancaram na terça-feira. “Não me lembro de alguma vez ter começado tão cedo”, diz Álvaro Martinho, director de viticultura da propriedade. Há mais especificidades este ano. A maior parte dos cachos está bem recheada de bagos, mas bagos muito pequenos. “Deviam ter, se calhar, o dobro do que está agora”, estima Natalina.

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