Estónia remove tanque da era soviética em cidade russófona
O Governo da Estónia anunciou que vai remover todos os monumentos soviéticos na cidade de Narva depois de ter acusado a Rússia de tentar explorar o passado para dividir ainda mais a sociedade.
O Governo da Estónia anunciou, esta terça-feira, que vai remover todos os memoriais públicos soviéticos na cidade maioritariamente russófona de Narva, devido às crescentes tensões “na localidade e arredores”, revelou a primeira-ministra, Kaja Kallas.
A Estónia, que já fez parte da União Soviética, é agora membro da NATO e da União Europeia (UE) e tem sido uma forte apoiante da Ucrânia desde o início da invasão russa, temendo, tal como os outros vizinhos bálticos, que possa ser a próxima nação a ser invadida.
No entanto, quase um quarto da população de 1,3 milhões é de etnia russa e o Governo receia que a minoria caia sob a influência do antigo soberano.
Esta terça-feira, as autoridades estónias de Narva removeram um tanque soviético da era da Segunda Guerra Mundial, acusando a Rússia de tentar explorar o passado para dividir ainda mais a sociedade.
De acordo com as estatísticas oficiais, a grande maioria da população do condado de Ida-Viru, no Nordeste da Estónia, que faz fronteira com a Rússia e inclui Narva, é de etnia russa. Os estónios têm uma visão mista da sua história: foram invadidos pelas forças nazis alemãs e soviéticas na Segunda Grande Guerra e tinham homens de ambos os lados do conflito. Além disso, dezenas de milhares de estónios foram deportados para campos de trabalho na Sibéria durante a era soviética.
Em 2007, um grupo de jovens russófonos protestaram na cidade de Talín quando a o Governo da Estónia removeu um monumento do Exército Vermelho da Segunda Guerra Mundial do centro da capital. Moscovo classificou a acção como um insulto aos combatentes soviéticos que expulsaram os ocupantes nazis do país e negou qualquer envolvimento em ataques cibernéticos subsequentes contra as instituições estatais estónias.
A Rússia não emitiu qualquer comentário em relação à decisão de remover o tanque da cidade de Narva. Em contrapartida, o Governo estónio já anunciou que a medida não vai ficar por aqui e que vão ser removidos mais memoriais nesta cidade, incluindo um monumento soviético às vítimas da guerra, que será substituído por “um marcador de sepultura neutro”, escreve a Reuters, citando a agência BNS.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Urmas Reinsalu, revelou ainda que qualquer estrangeiro que se oponha às remoções terá a autorização de residência revogada.