Reforçada vigilância na serra da Estrela após três reactivações simultâneas
Protecção Civil cria novo “posto de comando coordenador” porque “temos de trabalhar todos coordenados”. Comandante diz que situação é “complexa”, com meteorologia desfavorável e “incêndio bastante partido”.
A região da serra da Estrela, nos concelhos de Belmonte, Covilhã e Guarda, vai ter um “incremento na vigilância” pelas forças de segurança, anunciou esta terça-feira o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC).
“Uma das coisas que foi profundamente alterada (…) é um incremento ainda mais activo das forças adstritas à vigilância em toda esta região, de modo que de uma forma persuasiva as pessoas não se sintam tentadas a fazer o uso do fogo, seja por motivos dolosos ou por motivos do seu trabalho, numa situação que é muito perigosa”, anunciou Duarte Costa.
O incêndio deflagrou na madrugada do dia 6 em Garrocho, no concelho da Covilhã, no distrito de Castelo Branco, e as chamas estenderam-se depois ao distrito da Guarda, nos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira.
Em declarações aos jornalistas, em Belmonte, distrito de Castelo Branco, onde o incêndio tem “uma frente muito activa”, o presidente da ANEPC adiantou que “as investigações estão a seguir com toda a calma”. “Só depois destas investigações” é que as autoridades saberão se “foi fogo posto ou alguma utilização inconsciente ou alguma reactivação”, disse.
“A única coisa que a nós nos espanta é três reactivações simultâneas, ao mesmo tempo, e com uma violência muito grande, num incêndio que há dois dias estava como dominado. Deixa-nos expectantes, relativamente àquilo que possa ser o resultado dessas investigações”, apontou.
Na Guarda, acrescentou, há cerca de 550 operacionais e há um posto de comando director que está na região, no concelho da Covilhã, a fazer esta “coordenação toda” do incêndio que reactivou na segunda-feira, depois de no sábado ter sido dado como dominado.
Melhorar coordenação
Duarte Costa também disse que, além dos dois postos de comando independentes existentes actualmente, “um mais para o lado da Guarda e outro na região da Covilhã”, vai surgir agora um terceiro.
“Devido à intensidade de tudo o que se passou ontem e do trabalho que tem de ser feito hoje ainda, alterámos o dispositivo, não só em termos operacionais, como também criando mais um posto de comando coordenador para trabalharmos todos na máxima: juntos somos mais fortes e temos de trabalhar todos coordenados”, justificou.
Duarte Costa disse que a medida decorre de indicações do ministro da Administração Interna e do comandante-geral da GNR. “Sei que a GNR e a Polícia Judiciária têm desenvolvido um conjunto de medidas de incremento nas suas áreas de investigação, de forma que haja um detectar e, se possível, apanhar as pessoas que ao longo destes dias têm estado a meter fogo”, acrescentou.
O presidente da ANEPC deslocou-se a Belmonte, onde esteve reunido com o presidente das câmaras de Belmonte, Covilhã e Guarda.
Incêndio “bastante partido”
Duarte Costa aproveitou para alertar para “os comportamentos conscientes de toda a população com a não-utilização do fogo” e apelou à “vigilância de tudo aquilo que se passa no território numa forma de cidadania ativa”, para que se consiga “debelar este flagelo”.
“Para dar, novamente, este incêndio como dominado. Está a correr bem na frente da Guarda. Aqui, ainda temos muito trabalho a fazer. O correr bem na frente da Guarda não quer dizer que vamos diminuir as acções de combate e vigilância”, alertou.
O comandante nacional de Emergência e Protecção Civil reconheceu esta terça-feira que a situação na serra da Estrela, onde lavra um incêndio há mais de uma semana, se mantém complexa e as previsões meteorológicas são desfavoráveis.
“Neste momento, a ocorrência encontra-se activa. É um incêndio bastante partido, com grande potencialidade de ter novas aberturas e novas frentes”, disse André Fernandes num ponto de situação sobre os fogos.
Reconhecendo que as características da zona dificultam o combate, explicou que a situação é complexa e que a prioridade é a estabilização do incêndio, um trabalho que disse ser difícil também devido às previsões meteorológicas desfavoráveis.
“A estratégia que está definida é aproveitar as janelas de oportunidade existentes para estabilizar a progressão do incêndio”, afirmou.
Ao final da manhã estavam no terreno 1049 operacionais, com 21 grupos de reforço dos corpos de bombeiros, 160 operacionais da força especial de protecção civil, 96 agendes das companhias da Guarda Nacional Republicana.