Combustíveis agravam défice comercial português em Junho

Importações cresceram mais, em termos nominais, do que as exportações. Subida dos preços do petróleo contribuiu decisivamente para este resultado.

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Paulo Pimenta

A escalada dos preços do petróleo continuou, durante o passado mês de Junho, a contribuir decisivamente para que as importações portuguesas de bens tenham crescido mais do que as exportações, penalizando a evolução do saldo da balança comercial do país.

De acordo com os dados do comércio internacional publicados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), as exportações de bens realizadas por Portugal foram, em Junho, em termos nominais, 37,1% superiores às registadas no mesmo mês do ano passado. Manteve-se a tendência de crescimento forte que já tinha acontecido no mês anterior e que é explicada em larga medida pela recuperação que ocorreu nas economias mundiais em comparação com o mesmo período do ano passado, ainda marcado pelo efeito negativo da pandemia.

No entanto, quando se olha para as importações de bens, a variação homóloga registada em Junho é ainda mais alta, de 41,6%. Isto faz com que o défice da balança comercial de bens em Portugal tenha passado de 1619 milhões de euros em Junho do ano passado para 2522 milhões de euros em Junho deste ano.

Este agravamento de mais de 900 milhões de euros tem uma explicação fundamental: a subida dos preços dos bens energéticos a que se tem vindo a assistir nos últimos meses e que penaliza as contas externas de um país importador de petróleo como Portugal.

De facto, como revelam os dados publicados pelo INE, retirando da análise os combustíveis e lubrificantes, as exportações de bens em termos nominais registaram em Junho uma variação homóloga de 29,8%, enquanto as importações cresceram menos, 23,4%.

Isto faz com que, retirando o efeito de subida dos preços dos combustíveis, o saldo da balança comercial de bens até tivesse, em Junho, registado uma ligeira melhoria de nove milhões de euros face ao mesmo mês do ano passado.

Por países, e também com o contributo decisivo dos combustíveis, as exportações e importações de bens portuguesas cresceram em termos nominais mais para os EUA em Junho face ao mês homólogo: 91,2% e 190,5%, respectivamente. Para os países da UE, as exportações cresceram 31,9%, enquanto as importações aumentaram 23,7%.

Os dados agora publicados pelo INE não incluem as exportações e importações de serviços, como os de turismo. No decorrer deste ano, é evidente a retoma muito significativa do número de turistas que entram em Portugal, o que poderá contribuir para uma evolução mais positiva da balança comercial quando são levados em conta, para além dos bens, também os serviços.

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