Israel confirma cessar-fogo em Gaza. “Cumprimos o nosso objectivo”, diz Lapid

Morreram pelo menos 41 palestinianos, incluindo 11 crianças, em três dias de operação militar israelita, segundo responsáveis da Faixa de Gaza.

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Local atingido por um ataque de Israel na Faixa de Gaza tendo como alvo um dos comandantes da Jihad Islâmica no território IBRAHEEM ABU MUSTAFA/Reuters

Israel e a Jihad Islâmica chegaram a um acordo para um cessar-fogo – depois de três dias de bombardeamentos na Faixa de Gaza e de disparos de rockets do grupo islamista palestiniano contra Israel. A hora do cessar-fogo foi sendo prevista e adiada ao longo do dia, e à noite o acordo foi anunciado pela Jihad Islâmica, e depois confirmado por Israel, que agradeceu a mediação egípcia e sublinhou que irá responder a qualquer ataque que quebre o compromisso.

O primeiro-ministro israelita, Yair Lapid, disse, ainda durante a tarde, que Israel tinha conseguido cumprir os seus objectivos. As Forças Armadas do Estado hebraico anunciaram que mataram dois comandantes da Jihad Islâmica em Gaza – um logo no arranque da operação, outro na noite do segundo dia.

Responsáveis da Faixa de Gaza dizem que morreram pelo menos 41 palestinianos, entre eles onze crianças e quatro mulheres, e ficaram ainda feridas 311 pessoas.

Israel quis deixar claro que a ofensiva era contra a Jihad Islâmica e não contra o Hamas, no poder na Faixa de Gaza – ainda assim, o Hamas relatou a morte de um membro da sua ala militar no campo de refugiados de Jabaliya. Israel disse que alguns dos rockets disparados pela Jihad Islâmica caíram na Faixa de Gaza, um dos quais no campo de refugiados de Jabaliya. Não era claro se poderia ser o mesmo disparo que matou o elemento do Hamas.

As Forças Armadas de Israel relataram ainda que a Jihad Islâmica lançou um total de 780 rockets nos três dias. Deste total, 180 caíram ainda na Faixa de Gaza, e 270 foram interceptados pelo sistema de defesa aéreo Iron Dome.

Muitos analistas sublinharam que o conflito deveria ser contido se se mantivesse entre Israel e a Jihad Islâmica. Uma entrada do Hamas nas hostilidades elevaria a hipótese de uma operação de maior envergadura ainda, como a de Maio passado, que durou onze dias, e em que morreram 256 civis palestinianos, segundo a ONU, e 14 civis em Israel.

Temia-se que pudesse aumentar a tensão uma visita de um grupo de judeus ao Monte do Tempo (Nobre Santuário para os muçulmanos), onde a sua entrada é permitida desde não que ostentem símbolos religiosos ou rezem, uma restrição que nem sempre é cumprida por grupos que cada vez mais vão ao local, fazendo os palestinianos temer que o local seja anexado por Israel (é actualmente administrado por uma comissão religiosa jordana). A visita decorreu, no entanto, sem incidentes de maior.

O Hamas tinha várias razões para se manter fora do conflito, a primeira é que, como entidade no poder na Faixa de Gaza, arriscava a uma maior violência nos ataques israelitas no território e ainda ao prolongamento do encerramento dos pontos de passagem entre a Faixa de Gaza e Israel. Desde desde terça-feira da semana passada que ninguém entra ou sai do território.

Esta nova restrição deixou 50 doentes palestinianos por dia, que têm autorizações especiais para sair para receberem tratamento médico em Israel, sem tratamento. E afectou ainda a entrada de combustível para a única central eléctrica da Faixa de Gaza, que está desde sábado com apenas quatro horas de fornecimento eléctrico por dia.

A Faixa de Gaza está sujeita a um bloqueio há 15 anos, desde que o Hamas chegou ao poder, o que significa que os seus habitantes têm muitas restrições para estudar ou trabalhar fora do território, dependendo de autorizações raras dadas por Israel.

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