Lavrov quer discutir troca de prisioneiros que envolva a basquetebolista Brittney Griner
Troca de prisioneiros foi proposta por Washington e pode envolver um traficante de armas russo. Basquetebolista foi condenada a nove anos de prisão
O ministro russo dos Negócios Estrangeiros abriu a porta a uma troca de prisioneiros entre a Rússia e os Estados Unidos que envolva a basquetebolista Brittney Griner, condenada na quinta-feira a nove anos de prisão por um tribunal em Moscovo.
“Estamos disponíveis para discutir o assunto, mas no contexto do canal [diplomático] que foi acordado entre os Presidentes Putin e Biden”, disse Serguei Lavrov, advertindo Washington contra aquilo a que chama “diplomacia de megafone”. “Se os americanos decidirem recorrer novamente à diplomacia em público é com eles, eu diria que o problema é deles”, comentou o ministro, dando a entender que essa via estaria votada ao insucesso.
A troca de prisioneiros foi proposta no fim de Julho pelo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, mas a Rússia não lhe deu resposta até agora. A sugestão americana era que Moscovo entregasse Brittney Griner e Paul Whelan, um antigo fuzileiro, em troca de Viktor Bout, um traficante de armas russo acusado de fornecer a Al Qaeda, os taliban e vários Governos e milícias em África.
Na quinta-feira, Joe Biden disse em comunicado que o seu Governo “continuará a trabalhar incansavelmente para trazer a Brittney e Paul Whelan para casa em segurança o mais rapidamente possível”.
Griner, uma estrela do basquetebol norte-americano que integrou as selecções que ganharam o ouro olímpico no Rio de Janeiro e em Tóquio, foi detida à chegada a Moscovo em Fevereiro, pouco antes de a Rússia começar a invasão da Ucrânia. Trazia consigo óleos canabinóides e vaporizadores, tendo sido acusada de tráfico de droga.
“Cometi um erro, mas espero que com a sua decisão a minha vida não termine aqui”, disse a basquetebolista esta quinta-feira no tribunal antes de conhecer a sentença. Brittney Griner já antes se tinha declarado culpada, na esperança de que essa assunção aligeirasse a pena. O Ministério Público pedia nove anos e meio de prisão, o tribunal desceu a pena em seis meses.
Esta semana, a CNN noticiou que a Rússia pediu aos Estados Unidos que na troca de prisioneiros entre os dois países não fosse incluído apenas Viktor Bout, mas também Vadim Krasikov, que foi condenado a prisão perpétua na Alemanha por homicídio de um rebelde tchetcheno em 2019. Quando a sentença foi ditada, no fim de 2021, o tribunal considerou que Krasikov era um agente dos serviços secretos russos e que o assassinato de Zelimkhan “Tornike” Khangoshvili tinha sido ordenado pela Rússia.
A sua defesa alegou na altura que o nome com que Krasikov se deslocava na Europa, Vadim Solokov, era o verdadeiro e que o homem não passava de um engenheiro proveniente de São Petersburgo. No entanto, esta semana, ao noticiarem a história da CNN, os meios de comunicação russos referiram-se-lhe como Vadim Krasikov.
Segundo o canal, as autoridades alemãs não terão sequer considerado a proposta e as norte-americanas chamaram-lhe uma manobra de diversão para atrasar um possível acordo entre as partes.