JMJ 2023: “Capacidade de acolhimento” portuguesa vai fazer a diferença

Encontro acontece dentro de um ano, em Lisboa. Cerca de 500 pessoas trabalham no Comité Organizador Local.

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LUSA/TIAGO PETINGA

A capacidade de acolhimento dos portugueses é o aspecto que, para Duarte Ricciardi, secretário executivo do Comité Organizador Local da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 (JMJLisboa2023), vai diferenciar o evento em Portugal em relação aos anteriores.

“O programa das Jornadas é mais ou menos standard. Para mim, a grande diferença [da JMJ de Lisboa] faz parte da nossa identidade, que é a capacidade de acolhimento que os portugueses têm, e eu acho que isso vai fazer muita diferença no ambiente que vamos viver depois do período que estamos a passar, com a guerra, a vir de uma pandemia que afectou a vida de toda a gente no mundo inteiro”, acredita Duarte Ricciardi, a um ano do início do grande encontro mundial de jovens com o Papa.

Instalado num gabinete da antiga Manutenção Militar, no Beato, em Lisboa, Duarte, gestor de profissão, diz que a organização não lhe tira o sono, focando-se em dois grandes objectivos: “Um é que toda a gente se sinta convidada a estar na JMJ e, portanto, temos esse desafio de comunicação, de chegar a todos, de bater às portas de toda a gente, e que todos os jovens, independentemente da religião, se sintam bem-vindos. Depois temos a parte mais logística de garantir que preparamos tudo para bem receber todos os peregrinos e todas as pessoas que vierem à JMJ”.

“Isto engloba obviamente muitas coisas, muita da parte de preparação do espaço e de toda a parte da segurança, dos transportes, etc. E também de toda a parte do conteúdo, o que é que vai ser a jornada, o que é que vai estar em cada uma das cerimónias e o fio condutor de toda a semana”, acrescenta.

Na sede da JMJ estão já a trabalhar cerca de 70 voluntários num dia normal, “e depois temos à volta de 400/500 pessoas a trabalhar no Comité Organizador Local, portanto aqui na estrutura mais central e um número semelhante a trabalhar em todas as dioceses”, diz o gestor, revelando que “fazem um bocadinho de tudo o que é preciso para preparar” o evento.

Com a abertura das inscrições prevista para o final do verão, são muitos os contactos diários que recebem de todo o mundo. “Normalmente querem saber os preços, querem saber como é que podem viajar se precisarem de visto, muitos já querem saber onde é que vão ficar alojados. Há muitas pessoas que querem saber o máximo de informação possível para prepararem bem a sua vinda para a jornada”, diz Duarte Ricciardi.

Para o período da JMJ, a organização conta ter entre 20.000 e 30.000 voluntários, para acompanharem os mais de um milhão de jovens que se vão distribuir, em termos logísticos, pelas dioceses de Lisboa, Setúbal e Santarém.

Todas as dioceses, porém, são chamadas ao esforço de recepção dos jovens, nos chamados Dias nas Dioceses, que ocupam a semana anterior e que vão permitir o contacto com as diferentes regiões do país.

Já a trabalhar como voluntário, Jorge Morais, de 31 anos, farmacêutico e que será “chefe de equipa”, mostra-se entusiasmado por participar, entendendo que “como católico, [a participação é resposta a] um convite do Santo Padre, que diz naquela frase célebre “saiam do sofá, calcem as botas e sejam vocês também protagonistas da marca que querem deixar"”.

“Mas, ao mesmo tempo, gostaria de referir que é um convite do Santo Padre para todos”, diz Jorge Morais, explicando que os chefes de equipa vão ser responsáveis por grupos de “mais ou menos 15 voluntários, que podem estar alocados ao nível paroquial ou ao nível central”.

“Se for a nível central, estaremos nos eventos, mais com o Santo Padre, mais pela cidade de Lisboa. Se for a nível paroquial, vamos estar muito focados no acolhimento dos peregrinos, na ajuda de toda a logística, de refeições e também dar a conhecer a comunidade local”, afirma, acrescentando esperar que, no final do evento, fique “a marca da juventude” e como esta “pode deixar uma marca quando é chamada a intervir”.

Já Patrícia Pereira, de 22 anos, estudante no segundo ano do mestrado em Jornalismo, e voluntária na equipa de Comunicação, espera ver perdurar “o espírito jovem e o espírito de missão” no pós-2023.

“Este é um evento principalmente feito por voluntários e, portanto, é preciso os jovens saírem de si mesmos e irem ao serviço”, diz Patrícia.

Segundo esta jovem, que tem no seu grupo de amigos “muita gente que não conhecia a jornada”, o facto de lhes dizer que é voluntária na equipa da JMJLisboa2023 “já desperta curiosidade”.

“É uma oportunidade de dar a conhecer o que é jornada e, principalmente, transmitir que a jornada é aberta a todos. E pode ser um evento essencialmente católico, mas é aberto a todos. Toda a gente pode experienciar a jornada”, afirma, frisando que os jovens estão a mostrar muita abertura para conhecer o que será o evento, pelo que espera que a experiência seja vivenciada também por muitos que só agora estão a despertar para o encontro que vai encher o Parque Tejo, na zona ribeirinha a norte do Parque das Nações, no início de Agosto do próximo ano.