Inflação em Portugal volta a acelerar e supera 9% em Julho

Índice de preços está no valor mais alto desde Novembro de 1992. Variação do indicador relativo aos produtos alimentares não transformados chega aos 13%.

Foto
Paulo Pimenta

A inflação em Portugal voltou a acelerar em Julho, com a taxa de variação do índice de preços no consumidor em relação a Julho do ano passado a chegar aos 9,1%, divulgou o Instituto Nacional de Estatística (INE) nesta sexta-feira.

Em Junho, a diferença face a Junho de 2021 era de 8,73%. A maior disparidade continua a registar-se no índice dos produtos energéticos, onde a variação homóloga é de 31,2%, praticamente idêntica à que se observava no mês anterior (31,6%).

No índice relativo aos produtos alimentares não transformados, a variação homóloga está nos 13,2%. É, entre os agregados do índice dos preços, a segunda mais alta, só superada pelo índice dos produtos energéticos. Se olharmos para o índice excluindo quer os produtos alimentares não transformados, quer os produtos energéticos, a variação homóloga deste indicador (chamado inflação subjacente) é de 6,2%.

Ao escalar para os 9,1%, a taxa de inflação está no valor mais alto em 30 anos, desde Novembro de 1992, indica o INE. Mesmo o indicador de inflação subjacente, que já se encontrava em 6% no mês passado, também bate um recorde, ao ficar no “registo mais elevado desde Abril de 1994”.

Se em relação a Julho do ano passado a diferença ganha esta escala, já comparativamente com o mês anterior a variação terá sido “nula”, estima o INE nesta primeira estimativa rápida, referindo que a variação foi -0,3%.

Inflação na zona euro nos 8,9%

No índice que permite fazer comparações com os restantes países da União Europeia, a estimativa do INE aponta para uma inflação ligeiramente mais alta, de 9,4%.

É uma diferença superior à média dos países que partilham a moeda única, onde a inflação está nos 8,9% comparativamente com o valor registado em Julho de 2021.

Também na zona euro se verificou uma aceleração na variação homóloga do índice, tal como tem acontecido nos meses anteriores. Segundo a estimativa do gabinete estatístico da União Europeia (UE), o Eurostat, o índice harmonizado estava nos 7,4% em Março e Abril, mas a diferença homóloga alargou-se em Maio para 8,1%, subiu para 8,6% em Junho e continuou agora a aumentar.

Na Alemanha, a principal economia da zona euro, a taxa de inflação também voltou a acelerar em Julho depois de um ligeiro abrandamento em Junho (era de 8,2% e, agora, está nos 8,5%).

Em França, a segunda maior economia, a tendência foi idêntica (a inflação estava nos 6,5% e chegou aos 6,8%). Já em Itália a trajectória foi a contrária, um ligeiro recuo (estava nos 8,5% e baixou para 8,4%). Em Espanha, a quarta economia, observou-se um agravamento, com a inflação a passar de 10% para 10,8%.

No conjunto da zona euro, a variação do índice de preços do agregado relativo aos produtos energéticos é de 39,7%, o que representa um ligeiro recuo em relação à diferença que se registava em Junho face a Junho do ano passado (42%), mas não uma correcção em relação ao que se passava em Abril ou Maio.

A trajectória da inflação na zona euro deverá ser tida em conta pelo Banco Central Europeu (BCE) na monitorização dos preços que a autoridade está a fazer para tomar as próximas decisões de política monetária para a área da moeda única: decidir a dimensão da provável subida das taxas de referência em Setembro.

Depois de, este mês, ter subido em 0,5 pontos percentuais as taxas de juro de referência usadas nos empréstimos do BCE aos bancos comerciais, o BCE prevê fazer uma novo agravamento em Setembro cujo valor dependerá dos dados de conjuntura económicos a conhecer até lá, colocando-se neste momento a dúvida sobre se as taxas subirão 0,25 pontos percentuais ou, tal como agora, 0,5 pontos.

Em Junho, o BCE tinha anunciado a intenção de, na reunião de Julho, fazer um agravamento de 0,25 pontos, mas acabou por decidir fazer uma subida mais alta.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários